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Jornalismo

Repique da covid-19 está lotando os hospitais privados, diz Sidney Klajner

Presidente da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein concedeu entrevista ao SBT News

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O médico Sidney Klajner, presidente da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein
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Os hospitais privados registram taxas altas de ocupação com o repique da covid-19 no Brasil - e isso já era uma pedra cantada, segundo Sidney Klajner, médico e presidente da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein. Em entrevista ao SBT News, o cirurgião detalha as expectativas para a pandemia nos próximos meses e faz um balanço do que foi registrado até agora.

Leia abaixo a entrevista na íntegra.

SBT News: Sobre o Hospital Albert Einstein, qual a ocupação de UTIs?
Sidney Klajner: Os hospitais do servidor privado têm taxa elevada de ocupação. No Einstein, 90%. Um pico de pacientes maior do que o registrado em abril e maio. 

Por que acha que foi registrado o maior número de pacientes agora e não no pico da primeira onda?
Depois do feriado de Finados começou a aumentar, por um descuido das medidas de proteção, do isolamento social. Antevemos que pioraria pelas festas de fim de ano, que fizeram as pessoas se exporem e se contaminarem mais.

Até quando os casos de internação e mortes desta segunda onda de covid-19 tendem a crescer?
Depende da população. Se a comunicação for adequada, para levantar a guarda, usar a máscara e ter o distanciamento, esses números irão abaixar lentamente.  O tempo demora pelo comportamento da população e dos nossos governantes. 

Quando o senhor espera que a pandemia terminará?
Praticamente impossível de responder. A esperança é de que um número enorme de pessoas sejam vacinadas. Depende da vacinação, do volume de pessoas na menor quantidade de tempo e, principalmente, do controle da transmissibilidade.

Qual o perfil das pessoas internadas no pico da primeira onda e qual o perfil das pessoas que estão internadas hoje?
Não houve mudança. O que se vê é que uma população mais jovem que está procurando mais atendimento hospitalar, por ser a população que mais se expõe. 

Qual a avaliação que você faz hoje: há uma chance de que diminua o número de internações ou a tendência é de que o cenário vai piorar?
Há uma tendência de aumento no número de casos e internações. 

O senhor acha que a vacina é a única saída, já que a maioria dos estados não estão mais em quarentena?
A única saída, já que a vacina é no longo prazo... são as medidas de prevenção, uso de máscara e sem aglomeração.

Como avalia a orientação do Ministério da Saúde ao governo do Amazonas de ministrar medicamentos "preventivos" para a covid-19?
Não existe nenhum tipo de tratamento que evite o vírus baseado em ciência. 

Como avalia o processo da campanha de vacinação que pode ainda começar neste mês? O senhor defende a imunização em uma ou duas etapas?
Existem vacinas que exigirão duas etapas e outras com uma só. Mas quem dita são os laboratórios que desenvolveram e tiveram os resultados. Quanto mais urgente, melhor.

A vacina contra o Sars-Cov-2 terá que ser ministrada periodicamente, como a antigripal?
Provavelmente sim, porque existe uma capacidade de mutação das cepas do vírus.

Por que o Brasil, país com bom histórico de vacinação, ainda não começou a imunização?
Existe a necessidade de planejamento, organização, compra de insumos. Está sendo feita e tem que ser no menor tempo possível.

Levando em conta os insumos e as vacinas disponíveis, em quanto tempo o senhor estima que a população estará imunizada?
Existe uma promessa, considerando as duas vacinas mais próximas do uso, que tenhamos capacidade de 15 milhões de doses por mês. Temos a necessidade de vacinar um volume maior. Se nós vacinarmos 160 milhões de pessoas, estamos falando da maior parte da população acima de 18 anos. Se aumentarmos o ritmo no segundo semestre, consigamos produzir com matérias primas do Brasil e vacinar a maior parte da população até o fim de ano.

Para você, como médico, como enxerga as pessoas que questionam ou não irão tomar a vacina? Acredita que os anti-vacina podem retardar o processo de imunização e consequentemente o tempo em que poderemos normalizar a vida no geral?
É uma preocupação mundial. Temos a cultura da vacinação. O Brasil é o país que mais vacina no mundo. Essa cultura é obrigatória porque o momento do controle é o da vacinação coletiva. Quanto mais pessoas, melhor. Quando tem pessoas que duvidam, ou deixam de tomar, você tem uma população que não foi vacinada e consegue transmitir mais o vírus e mantê-lo vivo.

Estamos nos aproximando de um ano desde o primeiro caso do novo coronavírus no país. Como você avalia o modo em que os governantes, Ministério da Saúde, secretarias estaduais da Saúde e população agiram desde então? Qual o balanço do país nesse quase 1 ano de pandemia?
São 205 mil mortes, uma letalidade de 2,5%. Falar do Brasil é difícil, é um modo de atuação regionalizado. Algumas coisas boas, como a participação do setor privado, a organização da atenção primária, hospitais de campanha... e acredito que esse movimento todo, talvez por uma ambiguidade na liderança, permitiu trazer confusão para a população.

Qual conselho dá para a população?
Este é o momento mais importante na luta contra a pandemia e o que posso falar é: não baixem a guarda.
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