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"Transformaram um evento normal em anormal", diz diretor do Butantan

Dimas Covas ressalta que caso apontado pela Anvisa não tem relação com a CoronaVac

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dimas covas diretor butantan reprodução
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Em coletiva na manhã desta terça-feira (10 nov.), sem a presença do governador João Doria, os representantes do Governo do Estado de São Paulo e do Instituto Butantan mostraram consternação e indignação pela suspensão repentina dos estudos da vacina por parte da Anvisa.

Durante a entrevista, Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, alegou que sempre prezou pela segurança dos pacientes, que sentiu falta de ética na comunicação, e que não há motivos para interromper o estudo, que este tipo de medida poderia ter sido resolvida de forma administrativa. O voluntário que morreu não teve seu nome divulgado devido a questões éticas.

De acordo com a Folha de S. Paulo, no dia 29 de outubro, um voluntário de 33 anos, que participava da fase 3 dos estudos da CoronaVac, participava do grupo acompanhado pelo Hospital das Clínicas da Faculade de Medicina da Universidade de São Paulo. 

"Em 10 mil pessoas, nós podemos ter eventos os mais diversos possíveis. Uma pessoa sai de manhã e é atropelada, isso é um evento adverso. É um óbito, causa externa, sem nenhuma relação com a vacina. Nós estamos tratando aqui de um evento adverso grave que não tem relação com  a vacina", conta. 

Explicou as informações das reações adversas já foram relatadas para agência federal e o evento em questão não tem relação com a vacina, que "o evento foi notificado à Comissão Nacional de Ética em Pesquisa e à Agência Nacional de Vigilância Sanitária nos prazos regulatórios estipulados por ambos".

"No dia 6 [de novembro], a Anvisa recebeu o documento dizendo que um participante teve um efeito não relacionado com a vacina", completa.

Covas alegou estranheza sobre a suspensão do estudo e falta de comunicação com o grupo de pesquisadores. O instituto recebeu um email da Anvisa no dia 9, às 20h40, sobre uma reunião e também a suspensão.

"Encaminham um e-mail ao Butantan dizendo que haveria uma reunião para tratar do evento adverso grave, mas, ao mesmo tempo anunciava a suspensão do estudo. Vinte minutos depois de nos ter sido informados por email, a notícia estava em rede nacional", ressalta.

Para o diretor, a suspensão do estudo foi num cenário que não é favorável e não entende os motivos da posição da Anvisa. "Suspender o estudo, causar medo nas pessoas, fomentar um ambiente que já não é muito propicio, ao fato dessa vacina ser feita em associação à China, a troco de quê?", indaga.

O dirigente do Butantan foi enfático ao dizer que o óbito relatado não tem relação com a vacina e ressaltou que todas as dúvidas poderiam ter sido esclarecidas, esperando que o estudo 'possa ser retomado quanto antes'. "O evento adverso grave não tem a ver com a vacina. Não podemos divulgar pelos motivos éticos com o voluntário, mas a conclusão do relatório está nas mãos da Anvisa. Reitero, não tem relação com a vacina", diz.

Covas lamentou que a situação perdeu a normalidade. "Transformaram um fato normal em um fato anormal, e disso que se trata".

Perguntado sobre a possível influência ideológica da Anvisa, Covas repetiu várias vezes que "acredita que [a Anvisa] seja técnica e independente. Vou acreditar no evento [suspensão do estudo] como uma preocupação exagerada ou falta de comunicação".
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