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Seis meses de pandemia: das primeiras restrições à disputa por uma vacina

OMS apela para a solidariedade dos países para combater a maior crise de saúde pública global da história

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Seis meses de pandemia: das primeiras restrições à disputa por uma vacina
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Pouco mais de cento e vinte e seis mil infectados (126.675). Cerca de quatro mil e seiscentas mortes (4.611). Estes eram os números do novo coronavírus em todo o planeta no dia 11 de março, quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) passou a considerar a Covid-19 uma pandemia. Exatos seis meses depois, o cenário global é bastante diferente: os contaminados já se aproximam de 28,5 milhões e as mortes superam as 912 mil, de acordo com levantamento da Universidade Johns Hopkins, dos Estados Unidos -- referência no monitoramento dos dados sobre a doença.

Não foram apenas estes números trágicos que mudaram. O comportamento das pessoas também. Daquele 11 de março até hoje, o inimigo invisível e desconhecido que assolava a província chinesa de Wuhan e começava a preocupar a Itália passou a tirar vidas e a tomar conta da rotina e dos hábitos de toda a sociedade, em todos os cantos do mundo. O uso ainda desajeitado das máscaras e do álcool em gel, a prática um pouco confusa das regras de distanciamento social e a adoção atabalhoada de expressões estrangeiras como home office, lives e lockdown foram entrando depressa no cotidiano de muitos de nós. Era o início do que iria ser chamado, a partir dali, de "o novo normal".

Em diferentes proporções, a depender do rigor dos governos e da adesão das populações, todos os países sentiram o impacto dessa pandemia. Ao menos em tese, aqueles que, logo no início, realizaram mais testes e optaram por uma maior rigidez nas restrições de deslocamento para conter a alta de contágio, como Coreia do Sul, Alemanha e Nova Zelândia tiveram mais sucesso, até o momento, no combate à doença.

Ao redor do planeta, hospitais de campanha foram erguidos, médicos recém-formados e aposentados foram recrutados e tratamentos diversos ainda estão sendo sugeridos por pesquisadores para tentar aliviar os danos da Covid-19 na saúde pública. Mas, infelizmente, fato é que o controle mais abrangente de casos e de mortes só deverá acontecer após a disponibilização de uma vacina comprovadamente segura e eficaz. De acordo com o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, atualmente 180 imunizantes estão sendo testados, 35 deles já na fase de ensaios clínicos em humanos.

A maior preocupação da entidade, no momento, é a de que a corrida por uma vacina se transforme numa disputa política e nacionalista, aprofundando ainda mais as desigualdades entre os países pobres e ricos. Preocupação justificada após o anúncio formal do rompimento de relações por parte dos Estados Unidos, após uma série de críticas do presidente americano Donald Trump sobre a gestão da OMS durante a pandemia.

Desde abril, a Organização Mundial da Saúde e vários parceiros, como a União Europeia, lançaram um programa para acelerar o desenvolvimento e a distribuição justa de imunizantes, diagnósticos e tratamentos, chamado ACT Accelerator. No entanto, segundo Tedros Adhanom, a iniciativa ainda depende da solidariedade de muitos países para que as metas possas ser alcançadas. "O ACT Accelerator não vai ser capaz de atingir seus objetivos sem uma grande participação no financiamento. Os 2,7 bilhões de dólares recebidos até hoje foram generosos e nos permitem começar, mas correspondem a menos de 10% da necessidade total. O ACT ainda enfrenta uma lacuna de financiamento de 35 bilhões de dólares", afirmou durante coletiva de imprensa, em Genebra, na Suíça.

Apesar de todas as evidências apontarem para o sentido oposto, a esperança da OMS é a de que o vírus, que já levou milhares de vidas e milhões de empregos no mundo todo, não leve também a oportunidade de o mundo resolver, em conjunto, a mais grave crise global de saúde pública da história.
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