Exclusivo: Prefeito de Mariana fala sobre processo contra mineradora
Em Londres, uma das controladoras da Samarco entrou com um pedido de anulação do inquérito que apura o rompimento da Barragem de Fundão, em Minas Gerais
SBT News
O prefeito da cidade mineira de Mariana, Duarte Junior, reuniu-se, nesta quinta-feira (08), com advogados em Londres e falou ao SBT Brasil, com exclusividade, sobre o andamento do processo que apura a responsabilidade da mineradora Samarco no rompimento da Barragem de Fundão - que deixou dezenove mortos e provocou a maior tragédia ambiental da história do Brasil.
A BHP Billiton, uma das controladoras da maior mineradora do mundo, entrou com um recurso para anular uma ação coletiva movida contra a empresa na Justiça britânica, quase quatro anos após o rompimento da Barragem.
Segundo o prefeito de Mariana, menos de dez por cento das vítimas receberam indenização. "É claro e notório que a BHP tem tentado protelar o processo. Para nós é uma grande decepção. A gente não acredita na BHP. Espero que os ingleses entendam que a maior mineradora do mundo não dá a devida atenção a uma cidade que foi devastada".
A esperança de Duarte Júnior e dos advogados, reunidos em Londres, é de que a justiça britânica não aceite o recurso da BHP, que tenta deixar o caso apenas nos tribunais do Brasil.
Dois argumentos se destacam entre aqueles usados pelos advogados do escritório britânico para manter a ação no Reino Unido. Além da sede da BHP ser em Londres, eles ainda tentam sensibilizar o judiciário londrino sobre a morosidade da Justiça Brasileira e da possibilidade de muitas vítimas ficarem sem qualquer tipo de compensação.
No entanto, de acordo com os defensores da causa, a tática das grandes empresas é vencer as vítimas pelo cansaço. "Eles trazem as pessoas para uma situação de vulnerabilidade e, depois, isso acaba trazendo a oportunidade de um acordo desvantajoso para essas pessoas, que já sofreram tanto e continuam sofrendo", afirma o advogado Tomás Mousinho.
Além de Mariana, outros vinte e quatro municípios de Minas e do Espírito Santo, que também foram atingidos pelos rejeitos de minério, estão processando a BHP. A ação também contempla duzentas mil pessoas, que foram entrevistadas no Brasil, nos últimos anos. E esta é só parte do processo, que tem mais de quatro milhões de páginas, segundo os advogados.