São divulgadas novas mensagens atribuídas a Moro e Dallagnol
Nos novos trechos revelados, pelo editor-executivo do site "The Intercept Brasil", há menção ao ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal
SBT News
O editor-executivo do site 'The Intercept Brasil', Leandro Demori, apresentou nesta quinta-feira (13), à 'Rádio Bandeirantes', novos trechos de conversas atribuídas ao então juiz Sérgio Moro e a Deltan Dallagnol, coordenador da Lava Jato em Curitiba.
Nas mensagens reveladas, referentese ao dia 22 de abril de 2016, há menção ao ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal.
Nela, o procurador diz: "Caros, conversei com Fux mais uma vez, hoje. Reservado, é claro: o ministro Fux disse quase que espontaneamente que Teori fez queda de braço com Moro e viu que se queimou, e que o tom da resposta do Moro depois foi ótimo. Disse para contarmos com ele para o que precisarmos, mais uma vez. Só faltou, como bom carioca, chamar-me para ir à casa dele. Mas, os sinais foram ótimos. Fale da importância de nos protegermos como instituições. Em especial, no novo Governo".
Em seguida, Sérgio Moro responde: "Excelente. In Fux we trust" - que significa "No Fux, nós confiamos", em inglês. Por fim, Deltan ri.
A conversa teria ocorrido um mês depois de o então relator da Lava Jato no STF, ministro Teori Zavascki, que morreu em 2017, ter criticado Moro por ter divulgado uma conversa telefônica da à época presidente Dilma Rousseff com o ex-presidente Lula.
Em outro diálogo, os dois também conversam sobre a retirada de sigilo de delações premiadas. No dia 16 de outubro de 2015, Sérgio Moro diz que irá tirar o sigilo de depoimento do operador Fernando Baiano, e pergunta a Deltan: "Algum problema para vocês?".
O procurador responde: "O pessoal até agora pediu para manter o sigilo do caso de Pasadena, pois pediremos BA" - isto é, busca e apreensão.
Em 19 de outubro do mesmo ano, o então juiz informa a Dallagnol que decretou a prisão de três pessoas da Odebrecht, tentando não pisar em ovos, e que receia reação negativa do STF. Depois, ele aconselha: "Convém talvez vocês avisarem a PGR".
Os ministros Luiz Fux e Sérgio Moro não comentaram os novos diálogos.
Pela primeira vez, quem falou a respeito foi o presidente Jair Bolsonaro, que logo saiu em defesa do ministro, destacando a atuação de Moro enquanto juiz. Ele ainda afirmou que houve uma invasão criminosa, e apontou dúvidas quanto à veracidade das conversas.
"O que ele fez não tem preço, ele realmente botou para fora, mostrou as vísceras do poder, a promiscuidade do poder no tocante à corrupção. Ele faz parte da História do Brasil. Normal é conversa com doleiro, com bandidos, com corruptos, isso é normal? Nós estamos unidos do lado de cá, para derrotar isso daí. Ninguém forjou provas nessa questão lá da condenação do Lula. Eu dei um beijo hétero no nosso querido Sérgio Moro. Dois beijos héteros", disse o presidente.
Nesta quarta-feira, Bolsonaro e Moro foram juntos ao jogo entre Flamengo e CSA, em Brasília, e vestiram a camisa do rubro-negro.
No próximo dia 25, a Segunda Turma do STF irá analisar se Sérgio Moro foi imparcial na atuação nos casos de Lula. Ainda nesta quinta-feira (13), a defesa do ex-presidente apresentou as conversas ao Supremo.
Em entrevista à 'Revista Época', o ministro Gilmar Mendes, que levou o caso ao Colegiado, declarou que Moro era o "chefe" da Lava Jato, e Dallagnol, "um bobinho". Ele disse ainda que, no caso do tríplex, "Eles - Moro e Deltan - anularam a condenação".