Exclusivo: Juiz Marcelo Bretas fala sobre futuro da Lava Jato
O magistrado, que atua na 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, conversou com o repórter Daniel Adjuto
SBT News
"Se você pensar na Lava Jato como uma operação gigante envolvendo a Petrobras, acho que o caminho já foi percorrido. É a impressão que se dá, pelo menos nas primeiras instâncias. E tem alguma coisa que ainda resta. Agora, a Lava Jato é muito mais que uma investigação da Petrobras. Eu diria que a Lava Jato é diferente do conjunto de investigações. A Lava Jato, já disse outras vezes, é uma forma pela qual um setor do judiciário, um setor do Ministério Público e um setor da polícia resolveram lidar com a questão da corrupção no país"
É no 4º andar do prédio da Justiça Federal do Rio de Janeiro que, há quase quatro anos, o juiz Marcelo Bretas decide casos da Lava Jato no estado - grande parte deles sobre a prática de caixa 2 ligada a crimes como corrupção e lavagem de dinheiro. Mais de 40 pessoas já foram condenadas por ele, incluindo o ex-governador Sérgio Cabral.
Em entrevista exclusiva concedida ao SBT, antes do julgamento do Supremo Tribunal Federal, Bretas falou sobre o futuro da Lava Jato e que enviar casos para a Justiça Eleitoral é um retrocesso na operação que marcou o país: "Um golpe na Lava Jato no sentido de que seria retrocesso. Vou dizer mais... Muitas das condenações serão anuladas, começarão do zero".
Ainda na conversa com Daniel Adjuto, o juiz revelou que desde 2015, quando passou a atuar na Lava Jato, vive momentos de tensão. Ele e a família chegaram a ser ameaçados de morte várias vezes, tanto é que o juiz e a esposa são acompanhados diariamente por agentes da Polícia Federal e, quando saem de carro, são escoltados por homens do Batalhão de Choque do Rio de Janeiro.
"Já aconteceram algumas situações (de ameaça), sim, que eu não posso entrar em detalhes. O que eu posso dizer é como começou. Em um feriado, eu estava em casa e fui procurado pelo superintendente da Polícia Federal, que disse que havia uma situação de risco e que, a partir daquele momento, eu deveria estar num esquema de segurança especial", disse Bretas.
Admirador do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, Marcelo Bretas falou para Daniel Adjuto que ser ministro do Supremo não está na sua "lista de desejos" e que não teve interesse em participar de campanhas políticas, mesmo convidado
"Me convidaram para participar disso, de campanha política, mas eu não tive interesse. Vou ficar dizendo isso várias vezes, as pessoas vão ficar perguntando, mas não tenho interesse. De jeito nenhum", destacou o magistrado.
O SBT Brasil exibiu trechos da entrevista na edição desta sexta-feira (15), mas, só aqui no site do SBT, você assiste à conversa entre Marcelo Bretas e Daniel Adjuto na íntegra; confira: