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USP diploma 15 estudantes mortos pela ditadura; conheça os homenageados

Cerimônia faz parte do projeto Diplomação da Resistência. 47 alunos, professores e funcionários foram assassinados pela repressão, diz comissão

USP diploma 15 estudantes mortos pela ditadura; conheça os homenageados
Famílias de 15 estudantes da USP vão receber diploma póstumo nesta segunda | Acervo FFLCH/USP
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A Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP) entrega, nesta segunda-feira (26), os diplomas póstumos de 15 estudantes assassinados pela ditadura militar.

A cerimônia, que faz parte do projeto Diplomação da Resistência, começou às 15h no Auditório Nicolau Sevcenko e pode ser acompanhada pela internet.

"Essa ação significa dizer que a USP tem uma característica de não se ocultar diante das injustiças, da falta de democracia e de justiça social, além de compreender o que são os direitos humanos", diz Paulo Martins, professor e diretor da FFLCH.

Essa é a segunda entrega feita pelo projeto. Em dezembro do ano passado, a USP graduou postumamente os estudantes de geologia Alexandre Vannuchi Leme e Ronaldo Mouth Queiroz, mortos em 1973. Na quarta-feira (28), será a vez de Antônio Carlos Nogueira Cabral e Gelson Reicher, alunos da Faculdade de Medicina, serem homenageados post mortem.

Segundo a Comissão da Verdade da USP, 39 alunos, seis professores e dois funcionários foram vítimas fatais da ditadura militar, que durou de 1964 a 1985.

Conheça os 15 estudantes da FFLCH diplomados hoje:

Antonio Benetazzo, Filosofia

Estudante de Filosofia e militante da Ação Libertadora Nacional (ALN) e do Movimento de Libertação Popular (Molipo), Benetazzo foi torturado até a morte em 1972. A versão oficial dos agentes do DOI-CODI era de que ele tinha se suicidado, mas investigações comprovaram que sua morte foi resultado das torturas sofridas no centro de repressão.

Carlos Eduardo Pires Fleury, Filosofia

Estudante de Filosofia e militante da ALN e do Molipo, Carlos foi morto aos 26 anos, logo após retornar clandestinamente para o Brasil vindo de Cuba. Ele havia sido banido do país dois anos antes.

Catarina Helena Abi-Eçab, Filosofia

Estudante de Filosofia, Catarina foi presa, torturada e morta em 1968, junto com o marido João Antônio Santos Abi-Eçab. Os órgãos da repressão forjaram um acidente de carro para encobrir o crime.

Fernando Borges de Paula Ferreira, Ciências Sociais

Líder estudantil e ativista sindical, Fernando foi emboscado e morto por agentes do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), em 1969. A versão oficial da polícia era de troca de tiros, mas o laudo de necropsia revelou inconsistências.

Francisco José de Oliveira, Ciências Sociais

Militante da ALN e do Molipo, Francisco foi torturado e morto por agentes do DOI-CODI meses após retornar ao Brasil vindo de Cuba. A versão oficial era de confronto, mas a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP) concluiu que houve uma tentativa de ocultar sua prisão, tortura e morte.

Helenira Resende de Souza Nazareth, Letras

Estudante de Letras e Vice-presidente da UNE, Helenira foi morta e torturada após um confronto com soldados na Guerrilha do Araguaia, em 1972. Seu corpo nunca foi encontrado.

Ísis Dias de Oliveira, Ciências Sociais

Estudante de Ciências Sociais, Ísis foi presa em 1972 e desapareceu. Sua ficha foi encontrada em arquivos oficiais, na gaveta de "Falecidos", mas relatórios das Forças Armadas ainda a apontavam como foragida. Sua mãe faleceu em 2010 sem saber o que aconteceu com a filha.

Jane Vanini, Ciências Sociais

Militante da ALN e do Movimiento de Izquierda Revolucionaria, Jane foi presa e morta no Chile, em 1974. Seu corpo nunca foi encontrado.

João Antônio Santos Abi-Eçab, Filosofia

Militante estudantil, João foi preso, torturado e executado em 1968, junto da esposa Catarina.

Luiz Eduardo da Rocha Merlino, História

Luiz Eduardo foi preso e torturado até a morte no DOI-CODI, em 1971. As autoridades inicialmente alegaram suicídio e, posteriormente, morte por "autoatropelamento", causa desmentida posteriormente. A família de Merlino ingressou com uma ação judicial contra o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, acusado de ser o responsável por sua morte.

Maria Regina Marcondes Pinto, Ciências Sociais

Estudante de Ciências Sociais e militante do MIR, Maria Regina desapareceu em Buenos Aires, em 1976. Seu corpo nunca foi localizado.

Ruy Carlos Vieira Berbert, Letras

Militante do Molipo, o estudante de Letras foi torturado e morto em 1972. Considerado desaparecido político, pois seus restos mortais nunca foram entregues, pouco se sabe sobre sua morte além de que foi torturado.

Sérgio Roberto Corrêa, Ciências Sociais

Integrante do Grupo Tático Armado (GTA) da ALN, Sérgio morreu após a suposta explosão de um carro, em 1969. Os supostos explosivos destroçaram o corpo de Sérgio, mas não destruíram as armas que estavam no carro e nem documentos. Ele foi enterrado como indigente no Cemitério da Vila Formosa.

Suely Yumiko Kanayama, Letras

A estudante de Letras foi para a Guerrilha do Araguaia e desapareceu em 1973. Ela desapareceu após sair em missão e, segundo reportagem, foi morta por rajadas de metralhadora.

Tito de Alencar Lima, Ciências Sociais

Frei Tito foi preso e torturado em 1969, acusado de ligação com militantes da ALN. Banido do país e exilado na França, cometeu suicídio em 1974 pelos traumas causados na prisão.

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