Unidades de conservação da Amazônia tiveram menor desmatamento em 10 anos no primeiro semestre de 2024
Terras indígenas também apresentaram queda no número de áreas verdes derrubadas, mas dados gerais sobre floresta ainda preocupam
Desmatamento em unidades de conservação (UCs) da Amazônia fechou o primeiro semestre de 2024 com a menor derrubada de áreas verdes nos últimos 10 anos — registrou 93 km², uma queda de 18% frente ao mesmo período de 2023. Dados foram divulgados, nesta quarta-feira (24), pelo Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).
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As UCs são áreas naturais passíveis de proteção determinadas pela lei (nº 9.985 de 2000) por suas características especiais. São "espaços territoriais e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais [parcela do oceano de 'posse' do Brasil], com características naturais relevantes, legalmente instituídos pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção", segundo explica a legislação.
Segundo aponta o Imazon, os estados mais afetados pelo desmatamento, com mais unidades de conservação ambiental, foram Acre e Rondônia neste ano, cada um com três UCs no ranking. Entretanto, a unidade federativa que teve o maior impacto no total foi o Pará. A Área de Proteção Ambiental (APA) Triunfo do Xingu, sozinha, perdeu cerca de 4,4 Parques Ibirapuera (1,58 km²) ou uma Copacabana inteira (7,84 km²) — totalizando 7 km² de desmatamento.
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Terra indígena (TI)
Além das UCs, as TIs das regiões Norte e Nordeste também tiveram uma redução na destruição florestal no primeiro semestre. Com 15 km² derrubados, é a menor área registrada desde 2016.
"São dados positivos para a Amazônia, a redução do desmatamento nas unidades de conservação e terras indígenas é muito importante. Para que o desmatamento continue em tendência de queda, é necessário manter o ritmo de fiscalização nas áreas protegidas e focar nas regiões que ainda estão sob forte pressão ambiental. Qualquer redução nas ações de combate e controle podem acarretar no aumento da devastação nestes territórios novamente", afirma a pesquisadora do Imazon Larissa Amorim, em nota.
Neste período observado, as TIs Porquinhos dos Canela-Apãnjekra e Cachoeira Seca, respectivamente no Maranhão e no Pará, perderam 1 km².
Dados gerais ainda preocupam
Mesmo com os apontamentos importantes do instituto, ainda é possível observar um cenário desafiador ao governo e preocupante no sentido da proteção ambiental: após 14 meses de redução, Amazônia apresenta aumento na devastação na região florestal, não apenas de TIs e UCs.
Desde abril de 2023, a Amazônia apresentava uma baixa consecutiva no desmatamento, tendo 14 meses seguidos de queda. Porém, os dados do mês de junho de 2024 mostraram um crescimento de 10% na derrubada se comparados com o mesmo mês de 2023, indo de 361 km² para 398 km².
Os estados que mais desprotegeram suas florestas em junho de 2024 foram Amazonas (35%), Pará (26%) e Mato Grosso (15%) — concentrando, juntos, 77% do total detectado de derrubadas na Amazônia Legal.
Todavia, os dados ainda são melhores do que no ano anterior: 1.220 km² frente a 1.903 km² de 2023, sendo o menor valor desde 2017.