Tragédia no RS: mesmo com as inundações, moradores decidem não deixar imóveis
Mesmo com o recuo do Guaíba, o centro de Porto Alegre continua debaixo d'água; em São Leopoldo, na Grande Porto Alegre, 100 mil pessoas estão fora de casa
Mesmo com o recuo do Guaíba, o centro de Porto Alegre continua debaixo d'água. Nem os prédios históricos, como o Mercado Público e a Casa de Cultura Mário Quintana, escaparam da enchente.
O Museu da Arte no Rio Grande do Sul, reformado em 2022, está com o primeiro andar todo alagado. No entanto, nem tudo foi perdido: o acervo foi levado para partes altas do prédio e segue preservado.
Apesar da inundação durar quase duas semanas, alguns moradores preferem permanecer nos imóveis. É o caso de Conrado de Lima, que está com os avós desde o início da enchente. "A gente não desocupou o prédio para manter em segurança do patrimônio, além do fato de eu ter uma avó de 90 anos que não tem capacidade física de evacuação. Por isso, para preservar a integridade física e psicológica dela, a gente preferiu ficar aqui", revela.
Os bombeiros fazem rondas diárias para resgates. "Nós deixamos bem claro para as pessoas que elas têm direito de ficar. Se elas quiserem, nós retiramos a qualquer momento. Se alguém que se recusou a sair 10 vezes depois resolve sair, nós vamos lá e resgatamos sem problema nenhum", garante o Major Daniel Moreno, subcomandante da busca e resgate dos bombeiros no Rio Grande do Sul.
Em São Leopoldo, na Grande Porto Alegre, 100 mil pessoas estão fora de casa por conta da inundação. Em vez de procurar um abrigo, há 12 dias, o pescador Jeferson da Silva está morando em uma Kombi, junto da esposa. O veículo está estacionado às margens da BR-116, de onde eles monitoram o nível da cheia.
“Não tem nada para fazer além de esperar. Choveu muito lá para cima, a água está descendo. Não adianta, tem que esperar agora”, afirma.
Em um petshop localizado no centro histórico de Porto Alegre, foram resgatados 17 roedores e 37 aves. Os voluntários entraram na loja após uma denúncia de abandono de animais, desde o início do transbordamento do Guaíba. "Estava escuro, a água tinha mais de 1.60 metro de altura e estava extremamente gelada. Tinham vários peixes boiando mortos, pássaros mortos em gaiolas. Nós fomos para o segundo andar e tinha uma chinchila e algumas calopsitas", relata Fernando Schell, que faz parte da ONG Princípio Animal.