Saúde das crianças é prioridade em estudo sobre qualidade do ar
Pesquisa compara níveis críticos no Brasil e em mais sete países, e sugere medidas para solução
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 50 mil brasileiros morrem anualmente por causa da poluição atmosférica, que representa um dos maiores fatores de risco ambiental para a saúde humana.
No Brasil, a qualidade do ar tem batido recordes negativos nos últimos dias por causa do aumento das queimadas que atingem boa parte do país. No domingo (18), São Paulo registrou o pior índice de qualidade do ar deste inverno, segundo a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb): 212 microgramas por metro cúbico de material particulado de 2,5 mícrons de diâmetro.
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Em abril, Boa Vista chegou a números ainda mais altos que os de São Paulo (317µg/m³). O mesmo ocorreu com Manaus, em outubro do ano passado (499µg/m³). O nível aceitável pela OMS é até 15 µg/m3 de material particulado no ar.
Por isso, o Instituto Alana e o Instituto Ar lançaram o estudo “Qualidade do ar em alerta“, que compara níveis críticos e planos de emergência adotados em oito países: Chile, Colômbia, Equador, Estados Unidos, México, Espanha, França e Inglaterra, além do Brasil.
A pesquisa foi lançada nesta semana, durante o evento “Episódios Críticos da Poluição do Ar”, realizado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e pelo Ministério da Saúde, em Brasília, com o objetivo de compreender os índices utilizados e os protocolos adotados em diferentes países quando níveis muito altos de poluição são alcançados
Um dos países com os piores resultados é o Brasil, com padrões de qualidade que seguem índices estabelecidos em 1990 e apenas um estado com plano de ação para episódios críticos — São Paulo com o mesmo plano desde 1978. Somente o Equador supera o país.
Medidas para proteção
As crianças, principalmente recém-nascidas e nos primeiros anos de vida, estão entre as mais atingidas, já que a poluição do ar pode causar danos irreversíveis à saúde. O levantamento mostra medidas adotadas para proteger as crianças durante episódios críticos de poluição, como tem acontecido com frequência decorrente dos incêndios florestais.
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“Tanto em São Paulo, que ultrapassou o nível estipulado para o “alerta”, quanto em Boa Vista ou em Manaus, onde a fumaça gerada pelas queimadas florestais sufocou a cidade em outubro passado, sendo considerada a terceira cidade com o ar mais poluído do mundo, chegando ao dobro do limite do Índice de Qualidade do Ar (IQAr) estabelecido para o estado de “emergência”, nada foi feito”, diz JP Amaral, gerente de Natureza do Instituto Alana.
Entre as soluções apontadas pelo estudo estão o incentivo à mobilidade ativa nas cidades e a criação de áreas verdes e parques nos entornos escolares, além de medidas adotadas internacionalmente, como suspensão das aulas em áreas com situação de alerta, atividades físicas ao ar livre e parques nos entornos escolares, com índices de poluição monitorados por sensores.