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São Paulo registra uma ocorrência de baile funk por hora em 2024

Pancadões geram divisão de opiniões entre moradores e especialistas, enquanto número de eventos mostra queda desde 2021

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Moradores de Paraisópolis realizam baile funk (Reprodução/SBT Brasil)
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O estado de São Paulo registra, em média, uma ocorrência de baile funk por hora. Durante todo o ano, moradores próximos aos pancadões se queixam do barulho, que dificulta o descanso. No fim do ano, o aumento dos eventos ao ar livre torna a situação ainda mais desafiadora.

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Ao som de funk, centenas de pessoas ocupam ruas, transformando os locais em grandes festas que atravessam a madrugada.

"Sempre sexta-feira, umas 10 horas da noite, e acaba no sábado na hora do almoço, mais ou menos", relatou uma moradora, que preferiu não se identificar.

Ela descreve momentos de desespero quando os eventos começam: "Todo mundo já fica naquela expectativa esperando, porque eles anunciam, né? Do nada começa o barulho, queima de fogos, moto, aqueles barulhos insuportáveis."

Além do som alto, as manobras de motocicletas colocam em risco a segurança de quem está por perto.

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"Amanhece o dia, tem vários usuários de drogas na rua, várias pessoas bêbadas, bastante lixo espalhado pela rua", acrescentou outro morador, que também preferiu não se identificar.

Mesmo com tantas reclamações, a presença policial costuma ser escassa nesses locais: "Nós já chamamos a polícia, ligamos no 190, já ligamos na corregedoria, mas não resolve. Quando a gente precisa das autoridades pra fazer alguma coisa, a gente não consegue", desabafou uma moradora.

Segundo o major Felipe Neves, porta-voz da Polícia Militar, a atuação preventiva tem se mostrado mais eficaz.

"Muitas vezes, o convencimento, o pedido para que abaixe o som não surte efeito e, nesses casos, a polícia pode atuar com meio de ações de controle de distúrbios, que a gente sabe que pode vir a gerar feridos e gerar outras consequências desagradáveis, então a estratégia que tem se tornado mais eficiente é a preventiva."

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Dados da Secretaria de Segurança Pública, obtidos via Lei de Acesso à Informação, mostram que o número de pancadões vem caindo desde 2021 (22.786 bailes). No entanto, apenas em 2024, foram registradas 8.457 ocorrências, ou seja, mais de 700 por mês e 24 por dia.

A realidade por trás desses números é tema de debate. Enquanto moradores reclamam do impacto do barulho e da aglomeração, especialistas destacam o valor cultural dos bailes funk. Thiago Souza, pesquisador de música da USP, ressalta que os eventos representam a expressão da periferia:

"Os bailes são fruto da necessidade humana por festa, por celebrar, por sair um pouco da vida sofrida do trabalho. É uma festa barulhenta de propósito, é uma festa que demonstra uma rebeldia, é uma festa que é um grito de dor, olha eu existo. É um grito de ‘olha, eu posso fazer alguma coisa do meu corpo que não seja trabalhar, eu posso existir, posso aproveitar a vida’. Quando a favela sorri, muita gente fica incomodada."

Para muitos, a diversão precisa respeitar os limites do direito alheio.

"Se eu tiver uma escala de trabalho ao sábado, que é o dia que vai ter o fluxo lá, eu mudo a minha escala porque eu sei que é um dia que eu vou estar virada, não vou conseguir produzir bem, então isso tá afetando em vários aspectos na vida de todo mundo lá", afirmou um morador.

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