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Racismo ambiental: entenda termo usado por Anielle Franco para falar sobre chuvas no Rio

Ministra da Igualdade Racial usou expressão em vídeo que viralizou nas redes sociais; SBT News conversou com especialista para entender

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Racismo Ambiental | Agência Brasil
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A chuva forte que atingiu o Rio de Janeiro e a Baixada Fluminense no final de semana trouxe à tona uma discussão que há tempos já toma os espaços acadêmicos: o racismo ambiental. A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, usou o termo em suas redes sociais para definir o impacto do temporal sobre a população negra e tem sido criticada por isso (veja vídeo abaixo). Mas, afinal, o que é o racismo ambiental?

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O SBT News conversou com a arquiteta e urbanista Joice Berth, que estuda as dinâmicas de raça e gênero na área de direito à cidade. Para ela, o racismo estrutural é como um guarda-chuva que engloba o racismo ambiental.

"O racismo em si é um grande guarda-chuva. Quando a gente fala que ele é estrutural, está dizendo que as sociedades ao redor do mundo foram se construindo tendo como base a diferença racial, a conversão da diferença biológica em uma questão social", diz ela.

Falar sobre racismo ambiental é defender que locais historicamente marginalizados, compostos em sua maioria por pretos e pardos, costumam enfrentar riscos maiores causados pelas mudanças climáticas: calor extremo, fortes chuvas – com alagamentos e inundações – e poluição.

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O racismo ambiental significa que São Pedro é racista, como tem pipocado em memes nas redes sociais? Não. A expressão busca debater os impactos climáticos que afetam com mais frequência a população negra, muito mais presente nas periferias das grandes cidades.

"Nesses lugares, há políticas públicas extremamente falhas, precarizadas, que fazem com que aqueles territórios estejam sujeitos a receber as intempéries ambientais e climáticas de um jeito muito mais tenso, perigoso, traumático" afirma. "Os fenômenos da natureza que impactam todo mundo vão ser sentidos de maneira mais profunda pelas populações que são escamoteadas pelo poder público".

Segundo a urbanista, existe uma divisão no espaço urbano a partir das opressões que estruturam a sociedade: raça, classe e gênero. As pessoas pobres e pretas são as mais afetadas pela falta de estruturas urbanas, como moradia digna e saneamento, por falta de interesse político com a periferia. Quando uma forte chuva como a do fim de semana acontece, os efeitos da mudança climática são mais visíveis exatamente nesses lugares.

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"É uma das características do racismo não se importar com o aprofundamento da precarização de certas áreas urbanas. Essas áreas são ocupadas majoritariamente por pessoas não-brancas e por pessoas pobres", diz a pesquisadora.

Dados mais recentes do Censo 2022, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que o Rio de Janeiro é o estado com a segunda maior proporção de população preta (16,2%), perdendo apenas para a Bahia (22,4%). Na cidade do Rio, 968 mil pessoas se declaram pretas – atrás apenas de São Paulo, com 1,16 milhão.

No estado, pretos e pardos somam quase 58% da população. Na capital fluminense, pretos e pardos também são maioria, com mais de 54% da população. Cerca de 69% da população da Baixada Fluminense, uma das regiões mais afetadas pela chuva, se declara preta ou parda.

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