Queimadas no Pantanal aumentam quase 900% e região totaliza maior índice desde 2020
Falta de chuvas e acúmulo de matéria orgânica seca estão entre principais influenciadores
Com chuvas abaixo das médias históricas desde o fim do ano passado, o Pantanal já teve 880 focos de queimadas em 2024. O número, segundo a organização WWF-Brasil, representa um aumento de 898% em comparação ao mesmo período de 2023 (90 focos) e de 253% em relação à média dos três anos anteriores (255 focos).
Ao todo, o acumulado nos primeiros cinco meses do ano é o segundo maior dos registros nos últimos 15 anos, ficando somente atrás de 2020, quando foram registrados 2.128 focos. Especialistas, contudo, afirmam que o número ainda deve aumentar, uma vez que, historicamente, a temporada de seca vai até outubro, com pico em setembro.
“Em 2020, tivemos aquele fogo catastrófico e as análises atuais mostram que os números de 2024 estão muito parecidos com os que tínhamos naquele ano. Felizmente, todos os setores e a sociedade pantaneira estão alertas porque têm consciência de que se nada for feito, há possibilidade da repetição de grandes incêndios. É preciso atuar rapidamente”, diz Cyntia Santos, analista de conservação do WWF-Brasil.
Ela explica que a falta de chuvas, a pouca quantidade de água acumulada no território e o acúmulo de matéria orgânica seca, características dos solos pantaneiros, são alguns dos principais influenciadores dos incêndios. O Serviço Geológico Brasileiro reportou que o Rio Paraguai, o principal da região, apresenta os menores níveis históricos.
Amazônia e Cerrado
Na Amazônia, já foram registrados 10.647 focos de queimadas até maio - um aumento de 107% em comparação aos cinco primeiros meses de 2023 (5.103 focos). Do total de queimadas, 43% ocorreram em Roraima (4.623 focos) e 36% no Mato Grosso (3.829 focos). O Pará, por sua vez, responde por 12% (1.269 focos).
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Já no Cerrado, nos cinco primeiros meses do ano, foram registrados 8.012 focos, um aumento de 37% em comparação ao mesmo período em 2023 (5.850). O número também representa alta de 35% à média dos três anos anteriores (5.956 focos).