Queda de avião no Pantanal mata um dos maiores arquitetos do mundo e cineastas brasileiros
Acidente deixou quatro vítimas: o chinês Kongjian Yu, os documentaristas Luiz Fernando Feres da Cunha Ferraz e Rubens Crispim Jr., e o piloto da aeronave

Emanuelle Menezes
Quatro pessoas morreram na queda de um avião de pequeno na zona rural de Aquidauana, no Pantanal do Mato Grosso do Sul, na noite desta terça-feira (23). Uma das vítimas é o chinês Kongjian Yu, considerado um dos maiores arquitetos do mundo e criador do conceito de "cidades-esponja".
Além de Yu, morreram no acidente: o documentarista Luiz Fernando Feres da Cunha Ferraz, o diretor de fotografia Rubens Crispim Jr. e o piloto Marcelo Pereira de Barros.
+ Arquiteto chinês, cineastas e piloto: saiba quem são vítimas de queda de avião no MS

+ Kongjian Yu, arquiteto morto em queda de avião no MS, criou 'cidades-esponja'; entenda
A Olé Produções, da qual o cineasta Luiz Ferraz era sócio, confirmou o acidente em uma publicação nas redes sociais. A equipe produzia um documentário sobre o Pantanal.
Acidente
A aeronave caiu por volta das 18h30, na região da Fazenda Barra Mansa, uma área turística do Pantanal a aproximadamente 110 km de distância do município de Aquidauana (MS).
O Corpo de Bombeiros informou que foi acionado por volta de 20h10 para atender a ocorrência e, chegando ao local, os militares encontraram as quatro vítimas já mortas. Ainda segundo a corporação, o acidente aconteceu no momento em que o avião realizaria o pouso.
A operação de busca e resgate durou cerca de 9 horas, por causa da distância e condições de acesso ao local.
Quem era Kongjian Yu

O arquiteto e urbanista chinês Kongjian Yu, de 62 anos, era um dos principais nomes do planejamento urbano sustentável mundial. Formado pela Universidade Florestal de Pequim e pela Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, Yu ganhou reconhecimento internacional ao desenvolver o conceito de "cidades-esponja", modelo que propõe transformar os espaços urbanos em sistemas capazes de absorver, armazenar e reutilizar a água da chuva.
O termo surge como resposta ao impacto da urbanização acelerada e das mudanças climáticas, que aumentam a frequência de enchentes em grandes cidades. A ideia é que ruas, praças, telhados e áreas públicas incorporem soluções de drenagem natural – como jardins alagáveis, pavimentos permeáveis, wetlands e parques inundáveis – que funcionam como uma esponja, absorvendo o excesso de água durante tempestades e liberando-a de forma controlada depois.
A proposta, já aplicada em dezenas de cidades na China e estudada em outros países, busca reduzir enchentes, melhorar a qualidade da água, combater ilhas de calor e criar espaços urbanos mais verdes e habitáveis. Para Yu, as cidades precisavam reaprender a conviver com a água, em vez de tentar eliminá-la por meio de canais e concreto.
Chamado de "pai das cidades-esponja", Kongjian Yu recebeu prêmios internacionais de arquitetura e sustentabilidade e defendia que a infraestrutura urbana do futuro devia se inspirar nos processos da natureza.
Professor da Universidade de Pequim, Yu estava no Brasil desde o início de setembro, quando participou de uma conferência internacional. Na última quinta-feira (18), esteve na abertura da 14ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, realizada no Parque Ibirapuera.
O Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU-BR) lamentou a morte do chinês. "Sua obra deixa um legado de compromisso com a sustentabilidade, a paisagem e a vida urbana. O CAU/BR se solidariza com a família, amigos e colegas do arquiteto", disse a presidente do conselho, Patrícia Sarquis Herden.