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Kongjian Yu, arquiteto morto em queda de avião no MS, criou 'cidades-esponja'; entenda

Chinês é uma das vítimas de acidente com aeronave no Pantanal; ele participava das gravações do documentário "Planeta Esponja"

Imagem da noticia Kongjian Yu, arquiteto morto em queda de avião no MS, criou 'cidades-esponja'; entenda
Kongjian Yu tinha 62 anos | Reprodução
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O arquiteto e urbanista chinês Kongjian Yu, que morreu nesta terça-feira (23) em um acidente de avião, no Pantanal do Mato Grosso do Sul, era reconhecido mundialmente por ter desenvolvido o conceito de "cidades-esponja". Professor da Universidade de Pequim, ele era considerado um dos maiores arquitetos do mundo.

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Segundo a Olé Produções, Yu estava no Pantanal para as gravações do documentário "Planeta Esponja", que retrataria a criação do chinês – que foi adotada como política nacional na China, em 2013. Os cineastas Luiz Ferraz e Rubens Crispim Jr., além do piloto Marcelo de Barros, também morreram na queda.

🔎 As 'cidades-esponja' são adaptadas, por meio da arquitetura e do paisagismo, para absorver águas de enchentes e direcioná-las para lençóis freáticos, rios e oceanos. Isso se traduz em menos concreto e mais áreas de absorção, utilizando vegetação nativa e solo permeável, para evitar inundações urbanas.

Formado pela Universidade Florestal de Pequim e pela Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, Yu ganhou reconhecimento internacional ao desenvolver o conceito de "cidades-esponja", modelo que propõe transformar os espaços urbanos em sistemas capazes de absorver, armazenar e reutilizar a água da chuva.

O termo surge como resposta ao impacto da urbanização acelerada e das mudanças climáticas, que aumentam a frequência de enchentes em grandes cidades. A ideia é que ruas, praças, telhados e áreas públicas incorporem soluções de drenagem natural – como jardins alagáveis, pavimentos permeáveis, wetlands e parques inundáveis – que funcionam como uma esponja, absorvendo o excesso de água durante tempestades e liberando-a de forma controlada depois.

A proposta, já aplicada em dezenas de cidades na China e estudada em outros países, busca reduzir enchentes, melhorar a qualidade da água, combater ilhas de calor e criar espaços urbanos mais verdes e habitáveis. Para Yu, as cidades precisavam reaprender a conviver com a água, em vez de tentar eliminá-la por meio de canais e concreto.

Chamado de "pai das cidades-esponja", Kongjian Yu recebeu prêmios internacionais de arquitetura e sustentabilidade e defendia que a infraestrutura urbana do futuro devia se inspirar nos processos da natureza.

Kongjian Yu participou da Conferência Internacional do CAU, em Brasília, em 4 de setembro | Divulgação/CAU-BR
Kongjian Yu participou da Conferência Internacional do CAU, em Brasília, em 4 de setembro | Divulgação/CAU-BR

Yu estava no Brasil desde o início de setembro, quando participou da Conferência Internacional do Conselho de Arquitetura e Urbanismo, em Brasília. Em uma palestra na abertura do congresso, o arquiteto afirmou que os danos causados pelo ciclo da água são mais perigosos do que as emissões de carbono.

"O que ocorre é que temos diferentes padrões de clima pelo mundo, mas estivemos propondo a mesma infraestrutura trazida dos colonizadores", disse Yu. "Nunca vamos lutar contra a água e vencer", completou ele.

No evento, ele também afirmou que era possível adaptar metrópoles brasileiras, como São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre, para se tornarem "cidades-esponja". "Vejo o Brasil como a última esperança para salvar o planeta", disse o arquiteto.

O Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU-BR) lamentou a morte do chinês. "Sua obra deixa um legado de compromisso com a sustentabilidade, a paisagem e a vida urbana. O CAU/BR se solidariza com a família, amigos e colegas do arquiteto", disse a presidente do conselho, Patrícia Sarquis Herden.

Acidente

Aeronave caiu em fazenda em área turística do Pantanal | Reprodução
Aeronave caiu em fazenda em área turística do Pantanal | Reprodução

A aeronave, pilotada por Marcelo Pereira de Barros, levava Kongjian Yu, o documentarista Fernando Feres da Cunha Ferraz e o diretor de fotografia Rubens Crispim Jr. A queda do avião ocorreu por volta das 18h30, na região da Fazenda Barra Mansa, uma área turística do Pantanal a aproximadamente 110 km de distância do município de Aquidauana, no Mato Grosso do Sul. Os quatro morreram no local.

O Corpo de Bombeiros informou que foi acionado por volta de 20h10 para atender a ocorrência. Ainda segundo a corporação, o acidente aconteceu no momento em que o avião realizaria o pouso.

A operação de busca e resgate durou cerca de 9 horas, por causa da distância e condições de acesso ao local.

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