Preta Gil tem hérnia de disco; entenda condição que afeta 80% da população mundial
Em 2023, problema de saúde liderou ranking de afastamentos do trabalho no Brasil. Saiba como prevenir e tratar
A cantora Preta Gil foi internada, no último sábado (2), no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, após sentir fortes dores na região da lombar. O diagnóstico: hérnia de disco.
A artista teve alta no dia seguinte, mas informou, por suas redes sociais, que voltará ao hospital nesta terça (5) para seguir o tratamento da condição, que incluirá exercícios de pilates e fortalecimento da musculatura das costas.
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Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 8 em cada 10 pessoas sofrem de hérnia de disco em todo o mundo. O dado soma pacientes que já tiveram ou têm o problema, além daqueles que poderão ser atingidos. No entanto, a Biblioteca Virtual do Ministério da Saúde aponta que 90% das pessoas com hérnia conseguem retomar a rotina dentro de apenas um mês.
Em 2023, a hérnia de disco foi a condição que mais gerou benefício por incapacidade temporária, o antigo auxílio-doença, no Brasil. Das 10 enfermidades no topo do ranking do Ministério da Previdência Social, seis são ortopédicas.
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O que é hérnia de disco?
O termo "hérnia" é utilizado pela medicina para definir qualquer deslocamento de tecido ou órgão do seu local de origem. No caso das hérnias de disco, os discos intervertebrais, que têm uma estrutura em forma de anel e ficam localizados entre as vértebras, na coluna vertebral, se deslocam. Com o passar do tempo, eles sofrem desgaste e alguns saem da posição normal, podendo causar a compressão das raízes nervosas que emergem da coluna, o que ocasiona a dor. O problema é mais frequente nas regiões lombar e cervical, por concentrarem os movimentos e o carregamento de peso, mas ela também pode ser torácica.
Quais são as causas da hérnia de disco?
As principais causas para a formação das hérnias de disco, de acordo com a Biblioteca Virtual do Ministério da Saúde e o Hospital Albert Einstein são:
- Predisposição genética;
- Envelhecimento;
- Carregar ou levantar muito peso;
- Falta de atividade física;
- Tabagismo;
- Excesso de peso corporal;
- Problemas de postura.
A condição é mais frequente entre homens e mulheres na idade adulta, principalmente nos homens com idade próxima aos 40 anos, segundo a Revista Brasileira de Ortopedia.
Sintomas
Os sintomas mais comuns da doença são dor intensa na coluna, que pode, inclusive, irradiar para outras regiões do corpo como pernas, mãos, pés e dedos, além de perda de força e fraqueza muscular. Em caso de cervical, a dor se concentra nos membros superiores, como pescoço e ombro; já na torácica, a dor pode ser sentida nas costelas, peito, abdômen e costas; na lombar, costuma atingir a parte inferior das costas e também pode ser sentida no quadril, coxas e pernas.
Em casos de emergência médica, pode haver:
- Alterações de sensibilidade em outros membros inferiores ou superiores do corpo;
- Descontrole nos esfíncteres (o que causa dificuldade para urinar ou controlar o intestino);
- Formigamento.
A maioria dos casos não apresenta sintomas
Segundo Daniel Edde, ortopedista e médico do esporte, se um estudo com ressonância magnética fosse feito em toda população, seria descoberto um "percentual elevadíssimo" de pessoas com alteração no disco intervertebral, mas a maioria delas é assintomática.
Quando procurar ajuda?
A busca por assistência médica deve ter ser feita após os primeiros indícios de dor, já que o quadro pode ter uma progressão muito rápida.
Diagnóstico
Inicialmente, após o paciente chegar com o quadro sintomático no consultório ou unidade de saúde, a recomendação especializada é fazer análise de sua histórica clínica e um exame físico detalhado. Um deles é o teste de Lasègue, que pode ser usado para testar a compressão de raízes nervosas, segundo o Hospital Albert Einstein. Ainda de acordo com a instituição, o teste é positivo se a dor for produzida quando a perna do paciente é levantada enquanto ele está deitado de costas. Além disso, podem ser solicitados exames de imagem, como a ressonância magnética, para a confirmação do diagnóstico.
É possível prevenir?
A prevenção dos casos evitáveis de hérnia de disco pode ser feita evitando os fatores de risco: parar de fumar, evitar carregar peso quando possível, se exercitar, manter uma dieta balanceada, controle de peso corporal e fazer exercícios para corrigir a postura.
Como tratar?
As formas de tratamento vão desde o "tratamento conservador", com fisioterapia ou pilates, orientações posturais, como o que foi adotado pela equipe médica de Preta Gil, até cirurgia. Em geral, essa abordagem é suficiente para tratar a condição. Ao longo do tratamento é preciso evitar o "repouso absoluto mesmo em dias de crise", já que isso pode piorar o quadro de dor, segundo o Einstein. Remédios como analgésicos e anti-inflamatórios, além de infiltrações na coluna (a injeção de medicamentos na região que dói, com auxílio de raio-x e contraste), podem ser indicados.
Em casos que apresentam mais complicações, de acordo com Edde, pode haver a necessidade de cirurgia minimamente invasiva, como a discectomia percutânea (a extração mecânica da hérnia discal com auxílio de câmera) ou endoscópica (que utiliza um endoscópio para extração). Se todas as abordagens não funcionarem, o tratamento deve ser feito com cirurgia aberta, de fusão espinhal, que envolve a aplicação de enxerto ósseo no espaço entre as vértebras.