Políticas públicas não têm sido efetivas para evitar feminicídios, diz jornalista
Apuração de Mayra Leal, repórter do SBT Pará, mostra que, em 70% dos casos, autores do crime são parceiros ou ex-parceiros das mulheres assassinadas
Samir Mello
As estatísticas em relação ao feminicídio continuam alarmantes no Brasil. Em participação no Poder Expresso desta sexta-feira (8), Mayra Leal, repórter do SBT Pará, detalhou dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública sobre o assunto. Hoje é o Dia Internacional das Mulheres.
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O organismo computa dados sobre feminicídio desde 2015, quando a lei foi sancionada. Nesses nove anos, foram registrados 10.655 casos, um número muito alto. “É importante diferenciar o feminicídio do assassinato de mulheres. O feminicídio é um crime de gênero, acontece em uma situação de violência doméstica, quando o homem tem uma ideia de posse sobre a mulher, como algo pertencente a ele”, explica Mayra.
Em 2023, o Fórum registrou 1.463 casos de feminicídio, uma média de 4 mortes por dia e um aumento de 1,6% em relação a 2022, os maiores números já registrados.
“Precisamos refletir sobre as políticas públicas que estão sendo feitas para evitar essa situação. Na maioria dos casos, essas mulheres não são vítimas primárias. Elas vivem dentro de um ciclo de violência e, sem independência financeira e sem ter como se sustentar, acabam retornando para a casa do agressor. É preciso pensar em formas de gerar oportunidades para que esse retorno não aconteça e a mulher consiga seguir sua vida”, defende a jornalista.
De acordo com a apuração de Mayra, em relação aos dados mais detalhados de 2022, 70% dos casos de feminicídio acontecem dentro de casa, em situações de violência doméstica, em relações abusivas. Em relação ao perfil étnico-racial das vítimas, 61% são pretas ou pardas e, em 73% dos casos, os autores são parceiros ou ex-parceiros da vítima. Além disso, na metade dos casos de feminicídio, são usadas armas brancas, objetos constantes, que estão dentro de casa, para cometer o crime.