Brasil

Polícia indicia homem que confessou assassinato de ex-namorada trans em rua de BH

Imagens de câmera de segurança flagraram momento do ataque, na Região de Venda Nova

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A Polícia Civil indiciou um homem de 24 anos pelo feminicídio da ex-namorada trans, de 45, com pisões na cabeça em plena luz do dia. O crime ocorreu no último dia 20 de outubro na Região de Venda Nova, em Belo Horizonte.

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O inquérito foi concluído pela delegada Iara França, do Núcleo de Combate ao Feminicídio, vinculado ao Departamento Estadual de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Segundo ela, o casal estava em um supermercado, onde iniciaram a discussão. Já as agressões físicas aconteceram em via pública.

“A partir do momento que saem caminhando do estabelecimento, ele começa a agredi-la com socos e ela já cai ao solo. Nós contabilizamos sete pisões na cabeça dela; isso filmado por câmera de segurança. Ele estava descalço – isso chama a nossa atenção, pelo porte físico avantajado – e, em questão de dez segundos, tira a vida da vítima”, conta a delegada Iara.

Histórico de agressões

Segundo a delegada, Christina Maciel Oliveira e o homem se conheceram há três anos. O relacionamento era abusivo, com a violência sendo parte da rotina: “A vítima tentou terminar com ele por três ocasiões e clamou por socorro da família dela duas semanas antes de ser morta. Foi um dos términos; ela mandou uma mensagem dizendo que ia morrer”, afirmou.

Segundo a policial, familiares da íntima chegaram a ir até a residência do casal e encontraram a mulher com marcas da agressão.

No entanto, ainda conforme a delegada, a vítima não registrou ocorrência contra o companheiro. “Importante frisar que a mulher trans tem hoje reconhecidos os mesmos direitos da mulher cisgênero, inclusive por decisão do Supremo Tribunal Federal em fevereiro deste ano. Ela também é abraçada pela Lei Maria da Penha e pode pedir os mesmos direitos previstos na legislação”.

O autor do crime foi preso no dia do crime pela Polícia Militar e confessou o crime com frieza. A ocorrência foi encaminhada à Polícia Civil e o flagrante ratificado.

Com base em provas, a Justiça deferiu o pedido da delegada Iara, convertendo a prisão em flagrante em preventiva. O criminoso está no sistema penal.

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Quem é a vítima?

Christina Maciel Oliveira tinha 45 anos e era reconhecida como ativista de projetos comunitários voltados para a assistência de pessoas trans e travestis. O assassinato dela provocou grande comoção. Organizações que atuam na defesa dos direitos LGBTQIAPN+ lamentaram o crime, classificado como transfeminicídio.

O Instituto Nenuca de Desenvolvimento Sustentável (Insea), onde Christina trabalhava, publicou uma nota destacando que ela era "muito amada e sonhadora" e "inspirou muitas pessoas que precisavam dela".

"Chris era nossa amiga, companheira e mobilizadora social em nosso projeto, que compartilha das mesmas lutas que ela: o direito à vida e à dignidade de pessoas trans e travestis. Ela era muito amada, tinha sonhos e inspirou muitas pessoas que precisavam dela. É doloroso perder alguém que fez tanto por quem mais precisava", escreveu a instituição.
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