Polícia de Portugal prende suspeito de envolvimento no massacre de Sapopemba
Policiais federais brasileiros forneceram informações fundamentais para que o adolescente português de 17 anos fosse capturado
A Polícia Judiciária de Portugal prendeu um cidadão português de 17 anos de idade suspeito de participação no massacre de Sapopemba, bairro da zona leste de São Paulo, em 2023. O rapaz foi localizado na quinta-feira (2) graças a informações repassadas pela Polícia Federal brasileira aos investigadores portugueses.
O adolescente é suspeito da prática dos crimes de homicídio, lesões corporais, abuso sexual infantojuvenil e incitamento ao ódio e à violência. A Polícia Federal anunciou, nesta sexta-feira (3), que a detenção ocorreu na região norte de Portugal. Durante a ação, policiais portugueses realizaram busca e apreensão na casa do suspeito, onde foram coletadas diversas provas físicas e virtuais.
Incitação ao ódio e à violência
De acordo com as investigações conduzidas nos dois países, o adolescente criou e passou a gerenciar um grupo na internet, no qual os participantes faziam forte apologia à violência e a atos de automutilação. Nas conversas, os integrantes eram induzidos a praticar maus tratos a animais. Todos esses atos eram filmados e compartilhados no grupo, com o objetivo de autopromoção em meio aos demais integrantes. Compartilhamento e venda de pornografia infantil também marcavam a interação entre os membros.
+ Ataques a escolas crescem nos últimos dois anos no Brasil, aponta estudo
Além disso, os integrantes do grupo difundiam propaganda extremista nazista e instigavam a prática de massacres em escolas, como o ocorrido em uma escola pública estadual, no bairro Sapopemba, na capital paulista, em 23 de outubro de 2023. O ataque resultou na morte da adolescente Giovanna Bezerra Silva, de 17 anos. Ela foi baleada na cabeça. Outras duas estudantes, de 15 anos, foram atingidas pelos disparos. Elas foram socorridas e tiveram alta hospitalar no mesmo dia do ataque.
Um adolescente de 16 anos cometeu o crime com um revólver calibre 38 do pai. Após ser apreendido, junto com a arma, ele declarou ter agido sozinho e deu versões conflitantes sobre o motivo do ataque. Mas acabou revelando ter sido incentivado e instruído a cometer o atentado por integrantes de um grupo, que seria o mesmo administrado pelo adolescente de 17 anos detido em Portugal.
Continuidade às apurações
Segundo o governo brasileiro, “em momento oportuno, a polícia portuguesa compartilhará os resultados da investigação com a Polícia Federal, a fim de dar continuidade às apurações no Brasil”. As polícias esperam elucidar, em âmbito internacional, o possível envolvimento de outras pessoas na incitação e no planejamento do massacre em Sapopemba.
A investigação conta com informações fornecidas pela unidade de Repressão a Crimes de Ódio da Diretoria de Combate a Crimes Cibernéticos da Polícia Federal.