Pequena África: região portuária do Rio de Janeiro reúne legados da cultura negra
Cais do Valongo foi declarado patrimônio da Unesco por ser o único lugar das Américas com vestígios materiais da chegada dos africanos escravizados
Leo Santanna
Pela primeira vez, o Dia da Consciência Negra é feriado nacional no Brasil. A data homenageia Zumbi dos Palmares, um símbolo histórico da resistência negra contra a escravidão. Para marcar esse dia, o SBT Brasil visitou a "Pequena África", região portuária do Rio de Janeiro que carrega importantes legados culturais e históricos da comunidade afro-brasileira.
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O Cais do Valongo foi redescoberto durante escavações da prefeitura do Rio, em 2011. Cerca de um milhão de africanos escravizados desembarcaram ali para serem comercializados no Brasil durante o período imperial. O local é reconhecido pela Unesco como Patrimônio Cultural da Humanidade por ser o único lugar com vestígios materiais da chegada de africanos escravizados no continente americano.
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Mãe Celina de Xangô, moradora da região e bisneta de pessoas escravizadas, ressaltou a importância do reconhecimento histórico.
"Quando falamos de povos africanos, falamos de construção. Toda a mão de obra foi escrava. A tecnologia africana chegou aqui com ferramenta, com tudo", disse ela.
Outro ponto marcante da Pequena África é o Museu dos Pretos Novos, que preserva a memória das vítimas que não resistiram às condições desumanas nos navios negreiros.
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A região também é reconhecida como o berço do samba. Abriga a mais tradicional roda de samba da cidade, na Pedra do Sal, e o Museu da História e Cultura Afro-Brasileira, onde celebrações destacam o protagonismo negro na construção do país. Para o historiador Cláudio Honorato, reconhecer essa história e essa memória é celebrar a própria identidade brasileira.