Pacientes perdem a visão e até os olhos após cirurgia de catarata em Belém
Mutirão de cirurgias em clínica no Pará causou infecções graves em 23 pessoas
Um mutirão de cirurgias de catarata, feito em uma clínica particular no distrito de Icoaraci, em Belém, no Pará, deixou 23 pacientes infectados, provocando a perda completa da visão em parte deles. Alguns chegaram a ter o olho amputado. As operações foram feitas em parceria com o Sistema Único de Saúde (SUS).
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Albanise Soares, uma das vítimas, precisou amputar o olho após contrair uma bactéria na clínica. "Não posso mais fazer nada sozinha", diz.
Ela relata que, dias após o procedimento, passou por um transplante que não deu certo, resultando na necessidade de remover o olho.
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Gabriela Soares, filha de Albanise, expressa revolta: "Minha mãe foi para aquela clínica buscando qualidade de vida, e agora estou com uma mãe sem olho."
Mais de 40 pessoas participaram do mutirão e pelo menos 23 delas apresentaram infecções severas. Entre as vítimas está Benedita da Silva, que esperou mais de um ano pela cirurgia, mas acabou praticamente sem enxergar.
"Não consigo ler, não consigo ver televisão", conta a cozinheira.
Filha de Benedita, Sheyla Costa denuncia a falta de higiene na clínica. De acordo com Sheyla, profissionais comiam dentro do bloco cirúrgico e havia insetos no local.
O oftalmologista Lauro Barata explica que o uso adequado dos protocolos de higiene e esterilização é fundamental, principalmente em mutirões.
"Um material utilizado em um paciente não pode ser usado em outro sem a devida esterilização", afirma o especialista.
A clínica responsável emitiu uma nota afirmando que está regularizada perante os órgãos fiscalizadores e que segue todos os protocolos de controle de infecção hospitalar. Também mencionou que está oferecendo suporte médico e financeiro às vítimas. No entanto, muitos pacientes recusaram acordos extrajudiciais e 11 entraram com processos civis pedindo reparação por danos morais, materiais e estéticos.
O caso está sendo investigado pela Polícia Civil, e o Ministério Público instaurou um procedimento para apurar as denúncias. O Conselho Regional de Medicina ainda não se manifestou sobre o ocorrido.