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Brasil

Oscar provoca debate sobre etarismo, preconceito por idade

Com mais de 30 milhões de pessoas acima dos 60 anos, Brasil enfrenta desafios para valorizar a experiência e combater a discriminação com relação à idade

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Mikey Madison, ganhadora do Oscar de melhor atriz, e as concorrentes mais experientes, Demi Moore e Fernanda Torres | Reprodução
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Durante a premiação do Oscar 2025, no último fim de semana, a atriz Mikey Madison, de 25 anos, levou o principal prêmio de atuação, derrotando Fernanda Torres, de 59, e Demi Moore, de 62. A atriz norte-americana era considerada favorita pela crítica. Na internet, houve uma chuva de críticas em relação à valorização da juventude em detrimento da idade. A palavra etarismo - o preconceito baseado na idade - atingiu pico de buscas no Google após o evento da indústria cinematográfica.

A exclusão das atrizes veteranas gerou debates sobre a discriminação por idade, especialmente no setor cultural.

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Aos 69 anos, Ida Nuñez, locutora profissional e assessora de imprensa, tem talento, disposição e entusiasmo. Mas, ao longo da carreira, acumulou experiências constrangedoras. Em uma delas, enfrentou o preconceito etário ao participar de uma reunião virtual de trabalho.

"Mandei a proposta. Ele me pediu um modelo de contrato, mandei também. Tudo certo", conta Ida. No entanto, todo o contato havia sido feito por mensagens e e-mails. "Fomos fazer o call, eu apareci com esse meu cabelo grisalho. A decepção dele foi assim, na hora", relembra. Este é um bom exemplo de como funciona o etarismo.

Segundo o IBGE, o Brasil tem mais de 30 milhões de pessoas com 60 anos ou mais, representando quase 16% da população. Esse número cresceu 12,5 milhões desde 2010. Apesar desse aumento, a valorização da velhice ainda é um desafio. A discriminação ocorre no meio social, no mercado de trabalho e até dentro da própria família, afetando a saúde de quem ainda tem muito para viver.

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A gerontóloga Marília Berzins reforça a gravidade da questão: "Não temos um sistema de políticas públicas que favoreça o acesso dos idosos a tratamentos de saúde. Isso impacta diretamente seu bem-estar físico e mental."

A especialista ainda alerta para o isolamento social. "Ela vai se isolar, porque 'é velho, velho tá na hora de morrer'". Diante desse cenário, superar o preconceito etário torna-se um desafio tão grande quanto ganhar um Oscar.

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