Número de incêndios provocados por curto-circuitos quadruplica no Brasil
Mais da metade dos registros no ano passado aconteceram dentro de residências ou imóveis comerciais
Flavia Travassos
O número de incêndios provocados por curto-circuitos quadruplicou no Brasil. Mais da metade dos registros no ano passado aconteceram dentro de residências ou imóveis comerciais.
A economista Maria Fernanda Barbosa teve o apartamento quase todo destruído pelo fogo. A sala inteira e parte da cozinha não escaparam das chamas.
"O que causou o fogo foi alguma coisa da parte elétrica do ar condicionado. Muita fumaça, muita fuligem, e um calor insuportável”, diz a economista. "O prejuízo emocional foi muito grande. Ver o que você fez ser destruído, né?”, relembra.
Um curto-circuito acontece quando a corrente elétrica atravessa um condutor ou um dispositivo com uma resistência menor, o que provoca um superaquecimento. O engenheiro mecânico Maurício Sant’Ana explica que grande parte desses problemas é provocada pelo uso incorreto de "benjamins", acessório que permite conectar vários aparelhos elétricos numa mesma tomada.
"Os amperes do benjamin são algo que as pessoas erram muito. Por exemplo, se colocar em um benjamin de 10 amperes um equipamento de oito e outro de 10, não dá certo, não dá conta. Os três pinos esquentam”, explica.
Atualmente, o número de incêndios provocados por curto-circuitos no Brasil é quatro vezes maior do que há 11 anos. A região Sudeste do país é a que mais registrou esse tipo de ocorrência durante todo esse período.
Só no ano passado, foram notificados 963 casos em todo o país. Desses, 500 aconteceram dentro de residências ou imóveis comerciais – 67 pessoas morreram.
A mudança climática em todo o país tem contribuído para o aumento do número de incêndios. Isso porque, para aliviar o calor intenso, o brasileiro compra mais ventiladores de alta potência e instala o ar condicionado sem se preocupar com a sobrecarga que os aparelhos vão causar à instalação elétrica.
"A gente vai nos prédios, tá direitinho, bonitinho, arrumadinho, não tem problema nenhum. Na hora que você tira o cabo, ele é metade do que deveria ter”, complementa o engenheiro.