Mudanças climáticas provocaram dois meses a mais de calor no Brasil em um ano, diz estudo
Entre maio de 2023 e o de 2024, Brasil contou com 83 dias de temperaturas acima do normal; situação traz impactos ao clima e à saúde
Nos últimos doze meses, o Brasil teve cerca de dois meses a mais de calor extremo em relação à média do período, segundo um relatório realizado pelo Centro Climático da Cruz Vermelha em parceria com cientistas climáticos.
Entre 15 de maio de 2023 e 15 de maio de 2024, foram 83 dias de temperaturas acima do normal, que foram causadas pelas mudanças climáticas no país. Na estimativa, sem a influência da climática, seriam 17 dias. Uma diferença de mais de dois meses.
Em outras frentes, o estudo comparou a duração de eventos com temperaturas muito altas, mortes por calor e impactos na economia. A avaliação foi feita entre os anos de 1991 e 2020, em 90 países.
Segundo o cientista do clima Alexandre Costa, a tendência é que novos recordes de altas temperaturas ligadas a ações humanas fiquem muito mais frequentes.
“A continuidade da queima de combustíveis fósseis, do desmatamento e de outras atividades emissoras de CO2 e demais gases de efeito estufa”, diz. “Para se ter uma ideia a quantitativa de quanto isso significa é equivalente a pegar o calor que seria liberado pela explosão de 66 milhões de bombas de Hiroshima e armazená-lo anualmente. Essa é a quantidade de calor que está ficando presa por conta do efeito humano”, completa.
Impactos no Brasil
Os termômetros brasileiros têm registrado na prática os efeitos das alterações do clima. Em abril de 2024, uma forte onda de calor atingiu em especial os estados centrais do país. Já nas últimas semanas, a tragédia climática do Rio Grande do Sul causou chuvas intensas, inundações e deixou mais de 170 mortos.
Efeitos na saúde
São consideradas temperaturas perigosas as que ficam acima de 35ºC e muito perigosas as que ficam acima de 40ºC. Além do desconforto imediato, o calor excessivo traz efeitos adversos para a saúde, conforme explica o médico infectologista Hemerson Luz.
“Quando o calor é excessivo, aumenta a produção de suor. Os vasos sanguíneos ficam mais dilatados. A pessoa tende a ficar com uma pressão mais baixa, o coração vai trabalhar com menos sangue, podendo até aumentar o número de AVC, por exemplo, de infarto”, afirma.
Calor pelo mundo
Cerca de 6,8 bilhões de pessoas experimentaram pelo menos 31 dias de calor extremo nos últimos 12 meses, segundo o estudo. Isso representa cerca de 78% da população mundial.
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