Michelle Barros revela ter sofrido abuso sexual na infância; saiba como prevenir
Em 2024, já foram registradas mais de 14 mil denúncias de violência sexual de menores no país; veja como reconhecer sinais e denunciar
Michelle Barros, apresentadora do Chega Mais, contou ao vivo nesta terça-feira (4) que sofreu abuso sexual na infância. "Eu fui abusada. Nunca falei desse assunto, só o meu filho sabe", revelou a jornalista durante o programa, que tratava sobre o tema. Veja o vídeo abaixo.
Michelle conversava com especialistas, junto de Regina Volpato e Paulo Mathias, sobre a importância de pais e responsáveis ficarem atentos e reconhecerem sinais de abuso em seus filhos. A jornalista do SBT falou, então, sobre o abuso sofrido e sobre como isso a fez preparar o filho para não correr o mesmo risco.
"Se a família fala desde cedo com a criança, fica mais fácil de você saber mais ou menos o que é. Como eu passei, eu falava o tempo inteiro para o meu filho: não deixa ninguém, nem seu pai, nem tia, nem tio, ninguém nunca tocar em você nesses lugares. Nunca! Isso é importante a gente falar para as crianças", relatou.
O diálogo é um grande mecanismo de prevenção do abuso sexual infantil. Família e escola, onde crianças passam muito tempo, devem tratar sobre o corpo e o cuidado, reforçando quem pode ou não tocar nele.
"A gente pode trabalhar a questão da autopreservação das crianças e adolescentes, para eles entenderem que o corpo é deles e ninguém pode tocar sem que autorizem. E que há alguns toques que são estranhos, perigosos, e ninguém pode fazer essa abordagem, nem mesmo os pais", afirma a psicóloga Amanda Pinheiro Said.
A apresentadora afirmou que só mais velha entendeu que tinha sido abusada. E é o que acontece com muitas crianças e adolescentes. Por isso, em abril o Superior Tribunal de Justiça decidiu estender o tempo para que vítimas de abuso sexual busquem indenização contra o agressor. O prazo, agora, é indeterminado e passa a valer a partir do momento em que a pessoa adquirir total consciência dos danos causados a ela.
Nos cinco primeiros meses de 2024, foram registradas 14.468 denúncias relacionadas à violência sexual de crianças e adolescentes no país, segundo o Painel de Dados da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos. Um levantamento do Anuário Brasileiro de Segurança Pública mostra que 64,4% das vítimas de estupros registrados no país são menores de 13 anos. Cerca de 10% destes casos são de crianças com menos de 4 anos.
Reconhecer sinais de forma precoce, oferecer apoio à vítima e denunciar o agressor são ações essenciais para proteger crianças e adolescentes do abuso sexual.
Reconhecendo sinais
As vítimas de abuso podem apresentar os seguintes comportamentos, segundo a Secretaria Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente:
1. Mudança de Comportamento – alterações de humor, agressividade ou introspecção, vergonha excessiva, medo ou pânico; rebeldia, ataques de raiva; comportamentos infantis, que a criança já abandonou anteriormente, como chupar dedos ou voltar a fazer xixi na cama;
2. Problemas de saúde sem causa aparente – enfermidades sem causa clínica aparente, como dores de cabeça, erupções na pele e alterações gastrointestinais;
3. Comportamentos sexuais – interesse repentino por questões sexuais ou brincadeiras de cunho sexual, com palavras ou desenhos que se refiram às partes íntimas.
De acordo com a advogada Alessandra Borelli, as crianças podem ter depressão, sentimento de culpa, vergonha e perda de autoestima. Em casos mais graves, podem desenvolver distúrbios de estresse pós-traumático.
Apoio às vítimas
O psicólogo Denis Ferreira ressalta que é preciso deixar claro para as vítimas da violência sexual que elas não são culpadas e, sim, os agressores.
"A gente precisar criar uma sociedade, uma linguagem, uma cultura para ficar muito claro que a violência sexual é responsabilidade dos agressores, e não das vítimas. Porque quanto mais culpada uma pessoa se sente, menos condições ela tem de falar sobre aquilo", explica.
Como denunciar
Denúncias de abuso sexual contra crianças e adolescentes devem ser feitas, prioritariamente, no Conselho Tutelar da cidade ou pelo Disque 100. Elas também podem ser feitas:
- em delegacias especializadas no atendimento de crianças ou mulheres;
- em qualquer delegacia de polícia;
- pelo WhatsApp (61) 99611-0100, que também faz parte do Disque 100;
- pelo 190, da Polícia Militar, em caso de risco imediato.