Mariana Goldfarb: o que é e como identificar a violência psicológica
Influenciadora, que já foi casada com o ator Cauã Reymond, voltou a falar sobre as marcas deixadas por um relacionamento abusivo
A influenciadora digital e modelo Mariana Goldfarb abordou novamente o relacionamento abusivo em que viveu situações de violência psicológica. A declaração foi dada em uma entrevista no podcast Bom Dia, Obvious.
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"A agressão psicológica não deixa marca visível. É difícil mostrar o que você está passando ou passou, porque, a olho nu, ninguém consegue ver", afirmou Mariana.
Sem citar nomes, a influenciadora compartilhou detalhes sobre as agressões psicológicas e manipulações que sofreu, sem citar nomes. A modelo, que atualmente namora o economista Rafael Kemp, foi casada com o ator Cauã Reymond, de quem se separou em abril de 2023.
No relato, ela descreveu o sofrimento enfrentado, marcado por episódios de tortura psicológica, silêncio como forma de punição, confusão mental, noites sem dormir, e sintomas físicos, como queda de cabelo e tremores. "Era infernal. Você não pensa em mais nada. Seu dia é 100% tomado pela tentativa de fazer aquela pessoa te amar de novo", relatou.
O que é violência psicológica e como identificar?
Na entrevista, Goldfarb fez um alerta para outras mulheres sobre sinais de relacionamentos abusivos. "A sensação de desconforto constante, a angústia de não saber a realidade, os gritos, as portas batendo, objetos jogados na sua direção. São essas coisas que precisam de atenção", disse.
Apesar de ser a mais comum, às vezes ela não é compreendida com facilidade, "já que nem sempre é agressiva e, sim, opera manipulando, humilhando e constrangendo", explica a advogada constitucionalista Luana Ãltran.
"Mesmo que o companheiro chegue dizendo que é para proteger, que se preocupa, isso pode estar disfarçando uma forma de violar a autonomia da mulher", afirma.
Os sintomas desse tipo de abuso podem vir com vigilância constante da/o parceira/o, violação da intimidade (ou seja, quando você deixa de fazer escolhas por vontade própria), além de ameaças e constrangimentos, que acabam sendo mais explícitos. Em todos os casos da violência, há algum tipo de manipulação por parte do agressor.
Segundo a advogada, existem dois tipos principais de manipulação por parte dos homens:
Afeto – Utiliza o sentimento para controlar comportamentos e atitudes: "se você fizer isso, significa que não me ama".
Costumes sociais e crenças religiosas – Usar a religião para o controle de comportamento ou para exigir que só fique à disposição dos filhos e da família.
"Muitas vezes, as pessoas dizem que enxergam as mulheres como seres humanos de direito, mas, na prática, agem como se ela fosse uma coisa feita somente para servir: o homem, os filhos, a família e etc", ressalta.
A violência pode acontecer e acabar?
A violência tem um ciclo. Segundo a psicanalista Vera Cristina, esse ciclo de manipulação tem três pilares: a tensão, a prática da violência em si e a reconciliação.
"É um ciclo considerado universal. A tensão pode aparecer por violências verbais, humilhações; depois vem a violência, seja ela qual for; e depois a tentativa de reconciliação, a chamada 'lua de mel', em que a pessoa tóxica faz de tudo para ter uma reaproximação e, na sequência, repete o ciclo", explica.
Mariana revelou ter tomado uma decisão difícil, mas libertadora, ao encerrar o relacionamento. "Terminar nessa situação já é quase um ato heroico. Me sinto uma heroína por ter conseguido. Disse a mim mesma que não levaria nada, começaria do zero, mas teria a mim mesma. Hoje moro em uma casa menor, mas com paz, e isso é o mais importante", declarou.
O que fazer se for vítima?
As mulheres podem solicitar medida protetiva indo até a Delegacia da Mulher ou a qualquer delegacia de polícia mais próxima. Ela pode ser solicitada em casos de violências psicológica, sexual, física, moral ou patrimonial.
Além disso, outras ferramentas jurídicas são o próprio divórcio e processar a/o agressor/a. Desde 2021, a violência psicológica contra mulheres é tipificada como crime no Brasil, com pena de 6 meses a 2 anos de reclusão e multa.
A especialista recomenda reunir prints de conversas, áudios e gravações como provas em um possível caso de violência.