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Mais 800 mil crianças e adolescentes estudam em áreas dominadas por grupos armados no Brasil, alerta Unicef

Dados estão em levantamento feito sobre educação básica em mais de 1.800 escolas públicas do país

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Um estudo da Unicef sobre o ano de 2022, divulgado nesta quinta-feira (29), acende um alerta preocupante para a educação básica no Brasil. O levantamento revela que mais de 800 mil crianças e adolescentes, matriculados em cerca de 1.800 escolas públicas, vivem e estudam em áreas dominadas por grupos armados.

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A rotina de quem vive nessas regiões é marcada pela tensão constante. “Geralmente, quando tem tiroteio, eu deito no chão com as crianças e meu esposo, e a gente levanta a cama. Ficamos ali no chão a noite toda, esperando o tiro passar”, relatou uma mãe, moradora de uma dessas áreas.

Mesmo sob o domínio do crime, famílias seguem com suas vidas e as crianças continuam frequentando a escola. No entanto, a insegurança é constante, inclusive dentro das instituições de ensino, que muitas vezes ficam localizadas em zonas de risco. As operações policiais frequentes resultam em faltas recorrentes dos alunos às aulas.

Tamires Assis vive o luto de uma tragédia que se tornou símbolo dessa realidade. Sua filha, Esther Assis de Oliveira, foi baleada dentro da escola onde estudava, em Madureira, em abril de 2023. Desde então, Tamires teme que o mesmo aconteça com suas outras filhas, que ainda estão em idade escolar.

Segundo um professor da rede municipal, que prefere não se identificar, a situação vem se agravando. Ele cita as barricadas como um dos sinais da presença cada vez mais intensa de grupos armados nas redondezas das escolas.

Para tentar minimizar os riscos, foi criado um protocolo de segurança pela Cruz Vermelha, conhecido como AMS — Acesso Mais Seguro. A medida prevê o fechamento das escolas durante confrontos, com base em alertas emitidos pela Prefeitura. No entanto, segundo o mesmo professor, o protocolo apresenta falhas e nem sempre é seguido à risca.

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No Complexo da Maré, uma das regiões mais afetadas por tiroteios durante o período da pesquisa, a aplicação parcial do protocolo, com o fechamento de escolas apenas em determinados trechos, não garante a segurança de todos. Em um dos episódios relatados, alunos e professores ficaram presos dentro da escola durante um tiroteio.

Com a escalada da violência e a tentativa do Estado de retomar o controle dos territórios, a oferta de uma educação de qualidade — essencial para transformar realidades e salvar vidas — encontra-se gravemente ameaçada.

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