Mãe do lutador Leandro Lo diz que vai recorrer de absolvição do PM que matou filho
Henrique Otavio Oliveira Velozo foi solto após júri popular reconhecer teoria da legítima defesa


Camila Stucaluc
A mãe do campeão mundial de jiu-jítsu Leandro Lo, Fátima Lo, disse que irá recorrer da decisão que absolveu o policial militar Henrique Otavio Oliveira Velozo, acusado de matar seu filho. O julgamento ocorreu entre os dias 12 e 14 de novembro, e terminou com o júri popular reconhecendo a tese de legítima defesa do militar.
“Enterrei o Leandro pela segunda vez. A gente foi tão humilhado, tão massacrado pela defesa, e não podíamos falar nada. Só que a gente estava lá em nome da justiça, mas, pela justiça, o réu pode mentir e ele mentiu”, disse Fátima, frisando que o sentimento era de “tristeza e indignação” com a decisão.
Leandro Lo morreu em agosto de 2022, após uma confusão durante um show de pagode num clube da zona sul de São Paulo. Segundo as investigações, Velozo, que estava de folga e em trajes civis, se desentendeu com o lutador e atirou contra ele na cabeça. Ele chegou a ser socorrido, mas não resistiu. O PM fugiu do local e se apresentou à Corregedoria da Polícia Militar no dia seguinte.
Velozo foi preso preventivamente, no Presídio Militar Romão Gomes. Ele foi acusado pelo Ministério Público de homicídio triplamente qualificado — denúncia aceita pela Justiça. As qualificadoras foram: por motivo torpe; com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; e à traição, de emboscada.
A expectativa da Promotoria era de que o policial militar fosse condenado a pelo menos 20 anos de prisão, em razão das três qualificadoras do crime. Na reconstituição do caso, testemunhas contaram que o policial militar foi imobilizado pelo lutador durante a discussão, mas atirou contra o atleta assim que foi solto. Ao cair no chão, Leandro ainda foi agredido pelo agente com dois chutes.
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No julgamento, Velozo foi ouvido pela Justiça pela primeira vez, alegando legítima defesa, o que foi aceito por quatro dos sete jurados. “[Ele] explicou todos os pontos que lhe diziam respeito, disse todas as circunstâncias que motivaram a ação defensiva dele e tudo ficou muito claro”, disse o advogado Claudio Dalledone.








