Lessa soube em bar que motorista da Marielle Franco também havia morrido
Após o crime, executores foram assistir ao jogo entre Flamengo e Emelec pela Taça Libertadores de 2018
O ex-policial militar Ronnie Lessa, delator da investigação da Polícia Federal sobre a morte de Marielle Franco, disse que soube em um bar que o motorista dela, Anderson Gomes, havia morrido no atentado. A informação está no termo da delação premiada tornado público nesta sexta-feira (7) pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, responsável pelo inquérito da PF.
Lessa confessou ter puxado o gatilho da submetralhadora usada no assassinato da vereadora. Nos depoimentos prestados dentro da delação premiada, em agosto de 2023, ele entregou os demais envolvidos e deu detalhes do crime. Segundo Lessa, o plano era matar apenas Marielle. A morte de Anderson Gomes teria sido um efeito colateral.
"Começamos a beber mais um pouquinho"
"Pegamos meu carro e fomos pro Resenha. Lá, nesse dia, era o jogo do Flamengo com o Emelec. Nós paramos pra assistir e estava bem cheio, disse Lessa. “Vimos o jogo. Bebemos. Tinha algumas meninas que são conhecidas minhas da academia. O Darlei, que era um garçom, mostrou as fotos pra gente. Aí que descobrimos que tinha mais uma pessoa morta. Até então, não se sabia”, relatou Lessa à PF.
“O Darlei falou que mataram duas pessoas. Aí, na verdade, a ficha nem caiu direito. Eu falei: onde? Ele disse: no centro. Aí vi nas fotos do WhatsApp que o motorista estava morto. Não era a finalidade”, afirmou. “A coisa ficou mais tensa ainda. Começamos a beber mais um pouquinho. O jogo acabou. As pessoas começaram a se dispersar", detalhou Lessa.
O assassino confesso afirmou à PF que estava no bar acompanhado pelo ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, o Suel. O ex-bombeiro, também apontado pela Polícia Federal como autor, teria participado do planejamento do crime e encontrado Lessa logo após as mortes.