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“Lembro de pedir a 3ª caipirinha e, a partir daí, mais nada”, diz vítima intoxicada com metanol em SP

Designer de interiores ficou cega após tomar drink contaminado em bar da capital paulista; caso é um dos mais graves da onda de intoxicações

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Uma das vítimas da série de intoxicações por metanol em São Paulo, a designer de interiores Radharani Domingos Telles, de 43 anos, tenta reconstruir a vida após perder completamente a visão.

Ela contou ao SBT Brasil que passou por um tratamento experimental, sem comprovação científica, com a esperança de voltar a enxergar.

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Radharani comemorava o aniversário de uma amiga em um bar de um bairro nobre de São Paulo quando tomou três caipirinhas. Pouco tempo depois, passou mal e sofreu um apagão de memória.

“Eu lembro de pedir a terceira caipirinha. A partir daí, não lembro de mais nada”, contou.

No dia seguinte, ao acordar em casa, já estava desorientada. A irmã a levou para o hospital, onde ela chegou reclamando da visão — via pontos amarelos e faíscas. O marido, que estava viajando, retornou às pressas.

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Os médicos suspeitaram de intoxicação por metanol e realizaram hemodiálise de urgência, procedimento que filtra o sangue.

“O médico teve essa sacada que salvou a minha vida”, disse Radharani.

O exame confirmou níveis altíssimos de contaminação: 415 mg de metanol no sangue — quase três vezes mais do que a quantidade considerada letal (150 mg).

Tratamento experimental mantém esperança

Após sobreviver ao que os próprios médicos classificaram como “milagre”, Radharani decidiu tentar um tratamento iraniano ainda sem comprovação científica, que teria eficácia maior nas primeiras 72 horas após o início do quadro clínico.

“Eu sei que não é garantido, mas quero tentar tudo para voltar a enxergar”, afirmou.

Número de intoxicação preocupa em SP

Segundo o último balanço da Secretaria de Saúde, 128 casos de intoxicação por metanol foram registrados no estado.

  • 28 foram confirmados;
  • 5 pessoas morreram.

As investigações apontam que bebidas adulteradas com metanol foram distribuídas para bares e festas em diferentes regiões de São Paulo.

Hoje, Radharani luta para recuperar a autonomia no dia a dia.

“Das coisas simples, a alimentação foi o que mais me pegou, porque agora eu dependo que alguém me traga absolutamente tudo”, relata.

Aos poucos, reaprende a realizar tarefas básicas e já voltou a trabalhar. “Eu tenho gratidão por estar viva. Poderia ter sido muito pior”, completou.

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