Justiça reconhece prejuízos à saúde de paraenses impactados pela mineração
Decisão tomada na Holanda reconheceu ação movida por comunidades ribeirinhas, indígenas e quilombolas do Pará
A Corte de Justiça de Roterdã, na Holanda, reconheceu os danos à saúde dos moradores de comunidades do Pará causados pela mineração explorada por uma empresa europeia no estado. A decisão judicial abre caminho para indenizações.
População afetada
Na cidade de Barcarena, a 111 quilômetros de Belém, onde está localizado um polo industrial, os moradores relatam diversas complicações de saúde. A líder comunitária Maria do Socorro da Costa afirmou ao SBT Brasil que está perdendo dentes desde 2019.
Já a agricultora Damiana Oliveira teve resultados conclusivos de exames médicos: ferro, chumbo e alumínio detectados no corpo.
Segundo o Comitê Nacional em Defesa dos Territórios Frente à Mineração, desde o ano 2000, foram registrados 29 desastres ambientais em Barcarena, incluindo o vazamento de bauxita atribuído à mineradora Hydro Alunorte, em 2018.
Simone Pereira, Coordenadora do Laboratório de Química Analítica e Ambiental da UFPA (Universidade Federal do Pará), coordenou um estudo a respeito do tema, e concluiu:
"O chumbo é cancerígeno, um dos elementos mais perigosos do planeta. Ele substitui o cálcio nos ossos, causando nanismo e impedindo o desenvolvimento das crianças."
Reconhecimento
A Justiça holandesa reconheceu a legitimidade de comunidades ribeirinhas, indígenas e quilombolas em uma ação coletiva contra a multinacional norueguesa Hydro Alunorte, que possui subsidiárias na Holanda.
A empresa é acusada de contaminar o meio ambiente e prejudicar a saúde de milhares de pessoas. As vítimas buscam indenização.
O que diz a empresa
A Hydro Alunorte negou as acusações de vazamento e afirma que suas atividades são devidamente licenciadas, monitoradas e auditadas pelas autoridades competentes.