Julgamentos de feminicídio demoram mais de 8 meses no Brasil e atrasam resposta a famílias
Casos revelam longas esperas no Judiciário, com estados que ultrapassam dois anos até levar acusados ao tribunal
Simone Queiroz
Leonardo Ferreira
Um levantamento feito pelo jornalismo do SBT revela que o tempo para o início de um julgamento de feminicídio demora, em média, oito meses no país. Em alguns estados, a espera pode passar dos dois anos
Em média, no Brasil, os feminicídios demoram 263 dias para serem julgados. O ranking por estado expõe ainda mais a morosidade do Judiciário. A Bahia apresenta o pior cenário: são, em média, 883 dias — quase dois anos e meio. Sergipe e Pernambuco também estão entre as últimas posições no intervalo entre o crime e o julgamento dos acusados.
As causas são diversas, como explica a Promotora de Justiça, Ana Carolina Villaboim, especialista em enfrentamento à violência domestica: “a sobrecarga do próprio sistema judiciário, a falta de recursos específicos, mão de obra mesmo nessas varas especializadas. E também não podemos deixar de mencionar a questão do machismo estrutural que, assim como permeia a sociedade, se reflete no sistema judiciário”.
Para a promotora, a solução começa antes do caso chegar à Justiça.
“Desde a recepção da mulher, que muitas vezes tem como porta de entrada uma delegacia de polícia, é preciso que ela tenha um atendimento humanizado, para evitar que fique ‘pingando de galho em galho’ e percorrendo o que chamamos de rota crítica, que não deixa de ser um desestímulo para que ela reporte as violências sofridas.”
São Paulo é o estado com o menor tempo de espera por julgamento: 149 dias, ou cinco meses, em média.









