João Pedro, morto aos 14 anos, inspira dia de luta pela vida de jovens pretos
Lei do Rio de Janeiro homenageia adolescente assassinado por tiros de fuzil de policiais em 18 de maio de 2020
Vitória Santiago
O governo do Rio de Janeiro criou o 'Dia de Luta Jovem Preto Vivo – João Pedro Matos Pinto', que promove debate e reflexão sobre violências cometidas contra os jovens negros do Estado.
O jovem de 14 anos homenageado foi morto em 2020 por policiais, no Complexo do Alemão, no Rio. Relembre o caso em reportagem do SBT Brasil do ano passado:
A lei foi sancionada na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) e foi enviada ao Executivo em fevereiro deste ano. Eventos e campanhas educativas, que estimulem a sociedade a debater temas como racismo, encarceramento e genocídio da população negra, juvenil e periférica também serão pautados.
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O deputado estadual, Professor Josemar (Psol) foi o autor da Lei. A data será celebrada anualmente, no dia 18 de maio. O texto foi publicado no Diário Oficial da União na quinta-feira (14).
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Jurema Werneck, diretora-executiva da Anistia Internacional, organização não governamental que defende os direitos humanos, destacou que foram apresentadas ao Estado diversas propostas com o intuito de frear as ondas de violência contra essa população.
“Lamentamos constatar que as autoridades seguem liderando as violações de direitos humanos e não tomando as medidas necessárias. Não à toa, tanto o STF quanto a Corte Interamericana de Direitos Humanos tomaram decisões contundentes sobre isso”, disse Jurema.
Dia de Luta homenageia João Pedro
A lei recebeu o nome do adolescente, de 14 anos, João Pedro Matos Pinto, morto após ser atingido por tiros de fuzil, pelas costas, por policias em 18 de maio de 2020. Na ocasião, os agentes realizavam uma operação no Complexo do Alemão, no Rio.
A mãe do jovem, Rafaela Matos, afirma que a criação da data trará à memória o que ocorreu com seu filho.
“Para mim é uma vitória diante dessa busca por Justiça que, daqui a pouco, completa quatro anos. É sempre uma mobilização, porque ainda está muito longe de isso acabar. Todos os dias, morre um jovem preto na favela”, afirma Rafaela.
Os três policiais civis acusados de matar João Pedro foram denunciados por homicídio qualificado.
O processo corre na 4ª Vara Criminal de São Gonçalo. Em janeiro deste ano, o Ministério Público pediu que o caso seja julgado por um júri popular.
Atlas da Violência 2023
O último levantamento Atlas da Violência 2023, divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), aponta que só no ano de 2021, 79% dos jovens que foram assassinatos eram pretos.
Na mesma pesquisa, foi constatado que a taxa de homicídios (por 100 mil habitantes) de pretos e pardos era três vezes maior que o restante da população (brancos, amarelos e indígenas).
* Com informações da Agência Brasil