Investimento para cumprir meta do Marco Legal do Saneamento deve ser de R$ 240 bilhões
Marco Legal do Saneamento estabelece que, até 2033, todos os lares brasileiros deverão contar com acesso à água e esgoto tratados
Mayra Leal
O Marco Legal do Saneamento estabelece que, até 2033, todos os lares brasileiros deverão contar com acesso à água e esgoto tratados. Contudo, para alcançar essa meta ambiciosa, o Instituto Trata Brasil alerta que será necessário um investimento estimado em R$ 240 bilhões.
A realidade de muitas famílias brasileiras, como a de Dona Cantuária, moradora da Região Norte, mostra o quanto o país ainda está distante dessa meta. No banheiro improvisado do lado de fora de sua casa, não há chuveiro nem descarga.
A aposentada conta que usa um barril para tomar banho e jogar água no vaso sanitário. "Ainda não pude rebocar, nem botar lajota, nem colocar uma pia para escovar os dentes. Chuveiro, descarga, ainda falta muita coisa", desabafa Dona Cantuária.
O esgoto, sem tratamento, acaba sendo despejado no quintal, próximo a um canal que está em obras. Situações como essa ainda são comuns em várias regiões do país, principalmente no Norte, onde, segundo o Instituto Trata Brasil, 6 milhões de pessoas não possuem um banheiro adequado. Nessa região, o investimento necessário seria de aproximadamente R$ 6.200 por habitante para a construção de infraestrutura básica de saneamento nas residências.
A universalização do saneamento básico até 2033, como previsto no marco legal, exige atenção especial às regiões Norte e Nordeste, que concentram a maior parte das famílias de baixa renda sem acesso adequado a água tratada e esgoto. Estima-se que mais de R$ 240 bilhões serão necessários para atingir a meta, o que inclui custos elevados com infraestrutura.
Rosicleia Souza, consultora de vendas, afirma que, em média, a construção de um banheiro completo custa cerca de R$ 500, sem contar com a estrutura para erguer o espaço.
Para que a meta seja alcançada, o Instituto Trata Brasil destaca a importância de políticas nacionais que auxiliem na construção dessa infraestrutura.
"Nós não temos nenhum programa que vise a reforma da casa", afirma Luana Pretto, presidente-executiva do Instituto Trata Brasil. Ela defende a criação de programas que ofereçam subsídios e juros baixos para ajudar as famílias a readequar a infraestrutura sanitária de suas casas e ter acesso pleno ao saneamento básico.
Essas políticas públicas são essenciais para que milhões de brasileiros tenham uma melhor qualidade de vida e para que o país consiga cumprir as metas estabelecidas pelo Marco Legal do Saneamento.