Inteligência artificial vira conselheira amorosa e pode tirar a autenticidade dos relacionamentos
Ferramentas como o ChatGPT ajudam na hora da conquista, mas especialista alerta para os riscos de criar personagens irreais
Flavia Travassos
Um "cupido moderno" tem ganhado espaço no coração de quem quer conquistar um novo amor: a inteligência artificial.
Nesse universo, em que o primeiro contato é sempre à distância, a vontade de falar bonito e impressionar tem feito muita gente recorrer a ferramentas como o ChatGPT — usado como conselheiro em tempo real.
“Nós usarmos as ferramentas pra nos inspirar, termos ideia, e tudo bem, pra gente se encorajar um pouco nesse primeiro encontro, o que será que é legal? Que tipo de cantada uso? Não acho nenhum problema. Mas quando eu não tenho um equilíbrio disso, pode se tornar, sim, uma muleta", analisa a psicóloga e terapeuta de casal Pâmela Magalhães.
Mas, será que dá para ter certeza de quem está do outro lado da tela? Com tanta tecnologia, há que se iluda e pense que está se relacionando com uma pessoa, quando, na verdade, se apaixona por alguém que não existe.
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Segundo a pesquisa feita pela empresa de segurança digital World, uma 72% dos usuários de aplicativos de namoro já suspeitaram ou descobriram que uma de suas paqueras não passava de um robô criado por inteligência artificial.
Para a psicóloga Pâmela Magalhães, o que conecta duas pessoas não é o falar perfeito ou a melhor cantada, mas é justamente o invisível das conexões.
"Na verdade, o que é que essa pessoa me faz sentir? E quanto mais a gente se permitir falhar e ser a nossa verdade, penso que não há nada melhor do que isso pra rolar aquele match", completa.
A publicitária Marina Melo Zanco da Silva concorda. Ela e Lucas se conheceram em um aplicativo de relacionamento, mas sempre preferiram o improviso
Então estar sem nenhuma ajudinha é bom porque você é verdadeiro 100%, mas é ruim porque: será que eu estou falando direito?", comenta.
"Relacionamentos só duram quando você é 100% real, não tem como criar um personagem pra entrar num relacionamento", argumenta Marina.