Insegurança alimentar atinge 61 milhões de brasileiros, diz estudo
Desperdício de comida é de 42% ao ano; veja dicas de como reduzir a fome
Uma pesquisa divulgada pela Food Law and Policy Clinic (FLPC) da Harvard Law School e a The Global FoodBanking Network (GFN), em parceria com o Sesc Mesa Brasil, analisou as leis e políticas de doação de alimentos no Brasil e trouxe recomendações sobre como políticos e autoridades governamentais podem ajudar a reduzir o desperdício, alimentar as pessoas que sofrem de insegurança alimentar e até a mitigar as alterações climáticas.
De acordo com o estudo, aproximadamente 61,3 milhões de brasileiros sofrem com insegurança alimentar, porém, anualmente o Brasil perde ou desperdiça 42% do seu abastecimento de comida. Segundo a CEO da Global Foodbanking Lisa Moon, com incentivos fiscais e redução de impostos, os produtores poderiam doar mais em vez de descartar o alimento: " nós, como mundo, estamos produzindo uma quantidade significativa de comida que não está chegando nas pessoas que precisam", completa a pesquisadora.
Outras medidas sugeridas pelo estudo são:
- Adoção de políticas locais ou nacionais que exijam a doação de alimentos excedentes ou que imponham multas em dinheiro em casos de alimentos saudáveis enviados para aterros quando poderiam ter sido enviados para pessoas necessitadas.
- Oportunidades de subsídios governamentais para a infraestrutura de doação de alimentos, a fim de garantir que doadores e organizações de recuperação de alimentos possam manusear, transportar e distribuir esses excedentes de forma mais eficaz e segura.
Um exemplo que está dando certo por aqui, é o programa Sesc Mesa Brasil, que possui uma rede de 95 bancos de alimentos, a maior rede privada da América latina. Essa ação, que reúne três mil empresas parceiras, coloca comida no prato de milhões de brasileiros. O que é doado fica em galpões. No ano passado, foram 48 milhões de quilos de alimentos doados. Tudo que é recolhido, é distribuído. " Tem um cálculo de um impacto de 2,1 milhões de pessoas assistidas por mês por meio desse programa. E não é que a gente tenha que alimentar quem passa fome com o que está para ser descartado, não se trata disso, se trata de ter maior consciência de que o alimento é algo sagrado, é algo necessário à vida. A gente não pode tratar esse alimento com negligência", diz Janaína Cunha, diretora do projeto.
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O SBT visitou uma das instituições beneficiadas pelo programa, um centro de educação infantil que recebe cerca de 100 crianças carentes. " Essa variedade, essa diversidade de alimentos pra nós é incrível", nos contou a diretora Ana Paula Limongi. A cozinheira Joana D´Arc Cosmo também fez questão de elogiar a qualidade dos produtos: "chegam em perfeito estado e são bem aproveitados, as crianças estão amando." Um exemplo é o pequeno Railan, de apenas quatro anos, que não dispensa arroz e carne na hora do almoço.