Imóvel no litoral usado para planejar execução de Ruy Ferraz Fontes pertence a irmão de PM
Polícia vai investigar possível ligação e ouvirá últimas pessoas que alugaram a casa em Praia Grande, onde o crime ocorreu
SBT News
A casa periciada pela Polícia Civil em Praia Grande, no litoral paulista, é apontada como local utilizado por suspeitos para planejar a execução do ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo Ruy Ferraz Fontes.
Segundo a investigação, o imóvel pertence ao irmão de um policial militar. Até o momento, não há indícios de envolvimento de agentes no crime. Na manhã desta sexta-feira (19), suspeitos foram encaminhados ao Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) para prestar esclarecimentos.
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Os repórteres Fabio Diamante e Robinson Cerantula tiveram acesso exclusivo ao imóvel, onde criminosos da facção Primeiro Comando da Capital (PCC) se esconderam antes e depois do assassinato. Peritos localizaram diversas impressões digitais em portas, janelas e até em um freezer na área externa da casa. Também foram recolhidos copos, garrafas, talheres e restos de comida que podem fornecer material genético dos suspeitos.
O endereço foi descoberto após a prisão de Dahesly Oliveira Pires, de 25 anos. Segundo a polícia, ela foi até a casa buscar um dos fuzis usados no crime. Dahesly já havia sido presa em 2023 por tráfico de drogas, quando tentou entrar em um presídio em Osasco (SP) com maconha. No celular dela, os investigadores encontraram a foto do fuzil apreendido.
De acordo com a diretora do DHPP, Ivalda Aleixo, Dahesly chegou ao local na noite de terça-feira (16) e recebeu instruções por videochamada de um integrante do PCC para acessar a residência, que possui fechadura eletrônica com senha. Moradores relataram que homens e mulheres permaneceram na casa por cerca de dez dias, agindo como turistas, fizeram churrasco e usaram drogas.
Segundo preso
Na manhã desta sexta, a polícia prendeu uma segunda pessoa suspeita de envolvimento no crime (veja mais aqui). Luiz Henrique Santos Batista, conhecido como Fofão, teria ajudado na fuga dos assassinos. Ele foi levado por policiais para o Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), no centro da capital paulista.
O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, divulgou também os nomes de outros três suspeitos que tiveram a prisão decretada e que seguem foragidos: Luiz Antônio Rodrigues de Miranda, identificado como integrante do PCC; Felipe Avelino da Silva; e Flavio Henrique de Souza, reconhecidos a partir de impressões digitais encontradas em um dos veículos usados na emboscada.
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Execução de delegado
O ataque ocorreu na noite de segunda-feira (15), na Avenida Dr. Roberto de Almeida Vinhas, no bairro Nova Mirim, em Praia Grande. Ruy Ferraz Fontes, de 64 anos, foi vítima de uma emboscada após deixar a Prefeitura, onde atuava como secretário de Administração desde 2023.
Os criminosos aguardaram por cerca de 15 minutos antes de atirar contra o carro do ex-delegado. Fontes tentou escapar pelas ruas paralelas, mas colidiu contra dois ônibus, e o veículo capotou. Em seguida, três homens encapuzados, com coletes à prova de balas e armados com fuzis, cercaram o carro. Dois atiraram contra Fontes, enquanto o terceiro impediu a aproximação de testemunhas.
Após os disparos, o motorista do veículo usado na ação fez o retorno e os três fugiram. Segundo o delegado-geral da Polícia Civil, Artur Dian, mais de 20 tiros foram disparados, a maioria atingindo membros e abdômen da vítima, que morreu no local.
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Fontes portava uma pistola 9 mm, mas não reagiu ao ataque. A arma foi encontrada intacta dentro da bolsa. Equipes da Guarda Civil Municipal localizaram vestígios de disparos em todo o trajeto dos veículos envolvidos, incluindo nas proximidades da Secretaria Municipal de Educação de Praia Grande, conforme boletim de ocorrência.