Igualdade de direitos entre mulheres e homens é defendida por 86%, diz ONU Mulheres
Relatório de entidade das Nações Unidas traz panorama das relações de gênero no Brasil; veja detalhes
Você se considera uma pessoa que defende a igualdade de direitos e oportunidades entre homens e mulheres? A pergunta pautada pela Constituição Federal, que determina que "homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações", é respondida com um "não" por 6% dos brasileiros entrevistados pela Ipsos Brasil a pedido da ONU Mulheres, para a pesquisa Percepção Social sobre Direitos Humanos e sobre Mulheres Defensoras de Direitos Humanos.
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A maioria das pessoas mantém um posicionamento favorável em defesa da equidade entre homens e mulheres (86%), embora 6% discordem e 7% não concordem nem discordem. 1% dos entrevistados não soube responder.
A igualdade salarial de gênero, sancionada como lei em 2023 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), também foi pauta do levantamento. Para 95% dos ouvidos, homens e mulheres devem ter o mesmo salário quando exercem a mesma função. Somente 4% discordam.
O relatório da ONU Mulheres destaca que, enquanto as pautas econômicas e relacionadas à igualdade de direitos seguem com altos níveis de concordância, há queda na defesa da livre manifestação de mulheres. Os dados mostram que 16% dos entrevistados discordam que as mulheres devem protestar por igualdade de direitos do jeito que acharem melhor. 79% concordam com a afirmação, enquanto 4% não concordam nem discordam. 1% dos ouvidos não sabe.
Segundo o documento, "a defesa da prática da livre manifestação como um direito das mulheres reduziu em sentidos opostos de gênero e renda: homens mais ricos apoiam mais do que os mais pobres, enquanto mulheres de alta renda tendem a apoiar menos que as mais pobres".
Confira outros pontos da pesquisa:
- 38% dos entrevistados se consideram feministas;
- 51% não acreditam que mulheres brancas e negras têm o mesmo acesso a oportunidades e direitos;
- 24% dos ouvidos acreditam que uma mulher só se sente realizada ao ter filhos;
- 20% concordam que trabalhadoras domésticas têm muitos direitos;
- 15% acham que mulheres não devem ter a mesma liberdade que os homens.
"Mesmo com um alto nível de discordância em relação a estereótipos, a misoginia e o sexismo ainda prevalecem em níveis elevados na sociedade brasileira. Esses estereótipos e comportamentos contribuem para perpetuar desigualdades e injustiças de gênero, afetando negativamente a vida das mulheres", conclui o relatório.
A pesquisa da ONU Mulheres entrevistou 1200 pessoas (homens e mulheres) maiores de 18 anos, nas cinco regiões do país, de 20 de dezembro de 2022 a 31 de janeiro de 2023. Os resultados foram publicados somente agora, em 2024.
O relatório também traz números de outro levantamento, feito em 2021. Como o número de homens e mulheres ouvidos mudou entre os anos, não fizemos a comparação entre os dois dados.