Fumaça de queimadas no Brasil cruza oceano e alcança sul da África
País registrou número recorde de incêndios florestais em setembro; Peru, Bolívia, Argentina e Paraguai também sofrem com focos de calor
A fumaça das queimadas registradas no Brasil e em países vizinhos cruzou o Oceano Atlântico e chegou na África. É o que mostra um conjunto de dados de satélite analisados pela Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera dos Estados Unidos, que concluiu que a fumaça foi levada por correntes de vento até o Sul do continente africano.
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O registro se explica pelo número recorde de incêndios florestais na América do Sul em setembro, o que acabou liberando na atmosfera uma quantidade de aerossóis muito acima do normal. No Brasil, oito estados e o Distrito Federal superaram a média histórica de queimadas de setembro inteiro apenas na primeira quinzena do mês.
Além do Brasil, Peru, Bolívia, Argentina e Paraguai também vêm registrando queimadas devastadoras. Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais do Brasil (INPE), já foram contabilizados cerca de 350 mil focos de incêndio no continente sul-americano, número que supera o recorde atingido em 2007, de 345.322 focos.
Apesar de ser surpreendente, o acontecimento não é raro. Meteorologistas da MetSul explicam que correntes de vento costumam levar material particulado a grandes distâncias com transporte transatlântico, fumaça ou poeira.
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“O exemplo mais clássico de transporte de material particulado a distâncias enormes é o da poeira do Saara. Levada pelo vento, a poeira consegue alcançar áreas da Amazônia, no Norte da América do Sul, países do Caribe e da América Central, e até estados do Sul do Estados Unidos, como a Flórida”, explicaram os especialistas.