Fumaça de queimadas na Amazônia chega ao sul do Brasil; cidades registram céu cinza
Imagens de satélite mostram corredor de fumaça tóxica se movendo no país; entenda como isso acontece
Emanuelle Menezes
A fumaça das queimadas que acontecem na Amazônia deve, mais uma vez, chegar ao Rio Grande do Sul. A previsão da MetSul Meteorologia é que os ventos quentes carreguem o ar poluído para o estado a partir desta terça-feira (3).
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Modelos de previsão de dispersão de aerossóis, como o Serviço de Monitorização da Atmosfera do Copernicus (CAMS), indicam que um denso corredor de fumaça – resultado do grande número de queimadas na Amazônia – está se movendo para o Sul. Veja:
A principal origem da fumaça, segundo a MetSul, está no Sul do estado do Amazonas, no chamado "arco do desmatamento", área de aproximadamente 500 mil quilômetros quadrados que inclui o norte de Rondônia, o Amazonas e o sudoeste do Pará e concentra grande parte da devastação do bioma.
Só nos dois primeiros dias de setembro, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a Amazônia registrou 5.910 focos de incêndio. De 21h do domingo (1º) às 21h de segunda-feira (2), os satélites identificaram 3.432 focos de calor – pior dia de queimadas no bioma em 2024.
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Por que a fumaça chega ao Sul?
A fumaça das queimadas chega aos outros estados pelo vento que vem do oceano, do leste para o oeste, e é desviado para o sul do país pela Cordilheira dos Andes, que faz uma espécie de "barreira" na região. A explicação é do meteorologista Guilherme Martins, da Nottus:
"Esses ventos transportam a fumaça da sua região de origem, no Pará, no Amazonas, e essa fumaça é levada para a região Sul e Sudeste do Brasil, em algumas situações passando pelo Paraguai, Norte e Nordeste da Argentina", diz ele.
Atualmente, países como a Bolívia, Paraguai e o Nordeste da Argentina são afetados pelo corredor de fumaça tóxica. Ao alcançar o Rio Grande do Sul, ela deve avançar para o Oceano Atlântico e voltar atingindo estados do Sudeste, como Rio de Janeiro, Espírito Santo e um trecho de São Paulo, diz a MetSul.
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Céu cinza
Associada ao corredor de fumaça amazônica, ainda paira sobre São Paulo a fumaça das queimadas no interior do estado. Em agosto, o estado registrou o mês com mais registros de focos de incêndio desde 1998, início das medições feitas pelo Inpe: 3.612.
Nas redes sociais, internautas publicaram fotos que mostram o céu cinzento, coberto de fumaça. Veja abaixo:
Alerta de baixa umidade
Esse corredor de fumaça degrada a qualidade do ar, diz Martins. A umidade relativa do ar vem atingindo níveis críticos em grande parte do país, combinada com o tempo seco e a chegada de uma massa de ar quente. Na segunda-feira (3), por exemplo, o nível ficou abaixo de 10% em ao menos seis estados, de acordo com levantamento da MetSul.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estabelece que a umidade relativa do ar adequada à saúde humana precisa estar acima dos 60%.