Fuga de Mossoró: PF busca elos da rede de apoio com facção do Rio e Justiça solta e prende aliado
Dez dias após prisão dos dois fugitivos de presídio federal, caçada por envolvidos e financiadores segue e ainda gera prisões
A Polícia Civil do Ceará prendeu na quinta-feira (11) um acusado de ser liderança do tráfico de drogas em Aquirraz (CE), na região metropolitana de Fortaleza. O alvo ligado ao Comando Vermelho foi solto no dia anterior, depois de dez dias preso, suspeito de integrar a "rede de apoio" que bancou a fuga de Rogério Mendonça e Deibson Nascimento, do Presídio Federal de Mossoró (RN).
A história da primeira fuga dos seis presídios de segurança máxima federais - que começaram a funcionar em 2006 - não se encerra com a prisão dos fugitivos da unidade do Rio Grande do Norte.
Dpois de uma caçada de 50 dias e mais de 500 homens das forças de segurança, Martelo e Tatu (como são conhecidos) foram encurralados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) e PF, quando passavam por uma ponte, em carros fornecidos por criminosos, dez dias atrás.
As investigações da Polícia Federal (PF) na busca de provas contra a rede formada para planejar, patrocinar e operacionalizar a fuga, depois que avançam e indicam elos de criminosos da facção Comando Vermelho, do Rio de Janeiro e de afiliados nos estados, como Ceará e Pará.
Com 25 anos, o homem solto e preso em menos de um dia, foi identificado pelo núcleo de inteligência que atuou nas buscas. Ele foi detido preventivamente em uma pousada na badalada Praia do Futuro (CE), poucos dias antes de Rogério e Deibson serem recapturados.
Ao todo oito pessoas foram presas durante a caçada de 50 dias pelos fugitivos, suspeitas de colaborarem com a fuga. Além dos quatro criminosos presos junto com Rogério e Deibson, em Marabá, atuando como escolta.
Cinco foram soltas pelo juiz da 8ª Vara Federal de Mossoró na última quarta-feira, entre eles o traficante de Aquirraz. No mesmo dia, a Justiça mandou prender dois outros suspeitos, ligados à facção, por ligação com a "rede de apoio".
Os dois novos presos foram detidos pela Polícia Civil do Pará. Acusados de ligação com o tráfico, eles ajudaram Rogério e Deibson a chegar até Belém, em uma rota de seis dias por mar, em um barco de pesca.
Rede do crime
As investigações da PF e da força integrada de segurança identificou que a ajuda da facção Comando Vermelho do Rio e de outros estados, do Norte e Nordeste, passou a operar dias depois à fuga do presídio, registrada no dia 14 de fevereiro.
O SBT News apurou que os dados indicam que criminosos do CV passaram a atuar na fuga após Rogério e Deibson invadirem a primeira residência, ainda em Mossoró, em que tiveram acesso a telefone celular.
Do Ceará partiu as primeiras e principais ações montadas pela facção para ajudar na fuga dos criminosos, descobriu a polícia. Foi de Aquirraz (CE) de onde saíram os veículos que acabaram apreendidos nas primeiras semanas da caçada. Eles seriam usados para deixarem Baraúna (RN) - vizinha de Mossoró -, onde os dois ficaram a maior parte do tempo, escondidos em cavernas, se alimentando das frutas da região e a geografia propícia para se esconder.
Um integrante da força-tarefa montada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública para as buscas, contou que em uma das propriedades invadidas por Martelo e Tatu, eles obrigaram a mulher a cozinhar mais de duas dezenas de ovos, para levarem e comer durante a fuga. A equipe contou com homens da PF, PRF, Polícia Penal Federal, Força Nacional de Segurança e Polícia Militar e Polícia Civil dos estados.
Os elos do CV com a plano de fuga ficam mais aparentes, para a PF. A entrada da advogada do Rio de Janeiro Flávia Fróes, que defende lideranças das facções, é mais um elemento.
Condenados a penas de até 80 anos de prisão por crimes de homicídio, roubo, tráfico, entre outros, Tatu e Martelo integram o Comando Vermelho do Acre e atuavam na fronteira do Brasil com a Bolívia. Não eram figuras importantes da facção no Rio, mas a fuga histórica, chamou a atenção do comando.