Dois criminosos que ajudaram fugitivos de Mossoró com barco são presos no Pará
Suspeitos de ligação com Comando Vermelho atuaram na fuga de Rogério e Deibson por mar até Belém; embarcação foi apreendida
A Polícia Civil do Pará prendeu nesta quarta-feira (10) dois acusados de integrarem o Comando Vermelho que forneceram o barco de pesca usado pelos fugitivos do Presídio Federal de Mossoró (RN). A descoberta da rota marítima foi decisiva na prisão de Deibson Cabral Nascimento e Rogério da Silva Mendonça, em Marabá (PA), 50 dias depois.
Os dois eram procurados pela força-tarefa montada para buscas, que agora investiga a "rede de apoio" dos fugitivos. Os presos no Pará cuidaram do fornecimento de um barco em Icapuí (CE), de onde eles saíram no dia 18 de março. Margeando a costa marítima, cruzaram o Maranhão e o Piauí, numa viagem de seis dias embarcados. Chegaram na Ilha de Mosqueiro, em Belém (PA), no dia 24, um domingo.
O principal alvo foi preso no distrito do Mosqueiro. A Polícia Civil paraense informou que ele é "responsável pela distribuição de drogas em grande escala". O segundo foi detido em Vigia (PA).
"Eles, que são integrantes de facções criminosas, providenciaram um barco de pescadores locais para trazerem os foragidos da baía para a terra. A embarcação já foi localizada e periciada no decorrer das investigações", explica o delegado-geral da Polícia Civil do Pará, Walter Resende.
Os dois presos, que não tiveram os nomes divulgados, tinham mandado de prisão expedido pela Justiça e eram procurados. Com eles, outros dois homens foram presos em flagrante por causa das drogas apreendidas. Na casa de um deles, foram encontrados cerca de cinco quilos de drogas (cocaína e maconha), balanças de precisão, prensas hidráulicas e materiais usados para aumentar a quantidade das drogas e embalar para venda nas ruas.
Os dois ajudaram nos momentos finais da fuga. O segundo homem preso nesta quarta-feira foi quem ajudou na chegada dos fugitivos, em Belém, e na partida. De lá, Tatu e Martelo - apelidos usados pelos criminosos - pegaram os carros em que estavam na rodovia BR-222, perto de Marabá, na quinta-feira (4).
Na ponte do São Félix, em Marabá, sobre o rio Tocantins, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e a Polícia Federal (PF) prenderam os fugitivos e mais quatro pessoas que davam apoio. Os criminosos estavam em três veículos. A prisão dos dois criminosos, após caçada que envolveu cerca de 500 profissionais das forças de segurança e mais de R$ 6 milhões gastos, não encerrou o caso.
A fuga de 50 dias de Rogério e Deibson teve esconderijo pago, buraco antidrones, cavernas, trocas de roupas e corte de cabelos, invasão a propriedades, barco de pesca, comboio de batedores e rota de fuga para a fronteira.
Rede de apoio
O inquérito policial da PF, no Rio Grande do Norte, busca identificar os integrantes da "rede de apoio", que enviou dinheiro, forneceu armas, os veículos, o barco, as roupas, os esconderijos e meios de comunicação usados.
Investigadores buscam elos da rede apoio, que patrocinou os envolvidos e o plano de fuga e a facção Comando Vermelho. A PF analisa as quebras de sigilos bancários, os dados dos celulares e outros meios de comunicação usados na fuga. Os dois presos no Pará eram parte desse grupo.
Nesta quarta-feira, a Justiça Federal em Mossoró mandou soltar quatro dos oito presos durante as buscas, que teriam ajudado na fuga.
Contas usadas para enviar dinheiro usado na fuga, os três carros usados pelos criminosos no Pará, os outros dois apreendidos no Ceará, os chips de telefone celular encontrados com eles e identificados - pelo menos três estavam sendo monitorados -, as pessoas que foram acionadas, as que foram presas, continuam, alvos da PF, nessa nova etapa das apurações