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Falta de saneamento provocou 344 mil internações e sobrecarregou SUS em 2024

Dados fazem parte de levantamento do Instituto Trata Brasil; crianças e idosos são os mais vulneráveis às doenças relacionadas ao problema

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Uma pesquisa divulgada nesta quarta-feira (19) pelo Instituto Trata Brasil revelou que a falta de saneamento básico provocou 344 mil internações por Doenças Relacionadas ao Saneamento Ambiental Inadequado (DRSAI) no Brasil em 2024. Embora os números indiquem uma redução anual média de 3,6% desde 2008, essas doenças ainda impactam fortemente crianças e idosos e sobrecarregam o Sistema Único de Saúde (SUS).

O levantamento, intitulado "Saneamento é saúde: como a falta de acesso à infraestrutura básica impacta na incidência de doenças (DRSAI)", analisou dados entre 2008 (início da série histórica) e 2024, considerando fatores como localização, idade, sexo e etnia das pessoas afetadas. Segundo o estudo, a precariedade no saneamento influencia diretamente o crescimento do número de internações e óbitos.

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DRSAI

As Doenças Relacionadas ao Saneamento Ambiental Inadequado (DRSAI) englobam enfermidades de transmissão feco-oral, como diarreias, hepatite A e febre tifoide; doenças transmitidas por insetos, como dengue, febre amarela e malária; infecções causadas pelo contato com a água, como leptospirose; e doenças relacionadas à higiene, como conjuntivite e dermatofitoses.

O maior impacto foi observado entre doenças transmitidas por insetos, que representaram 49% das internações (168,7 mil casos), sendo a maioria causada pelo vírus da dengue. Em segundo lugar, ficaram as doenças de transmissão feco-oral, com 163,8 mil casos, correspondendo a 47,6% do total.

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Regiões mais afetadas

O Nordeste concentrou 77% das internações por doenças feco-orais, com destaque para Maranhão, Bahia e Ceará. Já na região Norte, essas enfermidades também predominaram, representando 27,2 mil das 35,4 mil internações registradas. O Maranhão foi apontado como o estado com pior índice de incidência total e de doenças feco-orais.

Mortalidade em queda, mas dengue preocupa

Em 2023, foram registrados 11.544 óbitos por DRSAI no Brasil. As doenças de transmissão feco-oral representaram 49,1% das mortes (5.673 casos), enquanto as transmitidas por insetos foram responsáveis por 46,7% (5.394 mortes), impactadas pela epidemia de dengue que assola o país desde 2020.

Apesar da alta mortalidade causada pela dengue em 2022 e 2023, os dados apontam uma tendência de queda nos óbitos por DRSAI ao longo dos anos. De 11.956 mortes em 2008, o número caiu para 9.367 em 2021, o que representa uma redução média anual de 1,9%.

Crianças e idosos são os mais vulneráveis

Os grupos mais afetados pelas DRSAI são crianças e idosos. Em 2024, 70 mil internações ocorreram entre crianças de 0 a 4 anos, representando 20% do total. Já entre idosos acima de 60 anos, foram 80,9 mil internações, o que corresponde a 23,5% dos casos.

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Além disso, a falta de saneamento também reflete desigualdades de gênero. Em 2024, 53% das internações foram de mulheres, representando 20,7 mil casos a mais que os homens. Em relação aos óbitos, 5.941 foram de mulheres e 5.613 de homens. Muitas dessas mulheres, além de adoecerem, acabam sobrecarregadas com os cuidados dos filhos doentes, o que impacta sua qualidade de vida e capacidade de geração de renda.

Universalização do saneamento

A universalização do saneamento no Brasil poderia reduzir em 86.760 o número de internações anuais por DRSAI, gerando uma economia de R$ 49,9 milhões ao ano para o sistema público de saúde, segundo o levantamento. Esse ganho permanente poderia representar uma economia de R$ 1,255 bilhão a longo prazo.

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Para Luana Pretto, presidente-executiva do Instituto Trata Brasil, os efeitos do saneamento nas DRSAI são duradouros e cumulativos ao longo do tempo. “O avanço do saneamento básico no Brasil irá reduzir a incidência de uma série de doenças, que infelizmente, como vimos, impactam mais severamente as crianças, os idosos, mulheres e pessoas autodeclaradas pardas, amarelas e indígenas.".

"Precisamos priorizar investimentos que promovam o acesso a água tratada e coleta e tratamento dos esgotos se quisermos atingir asmetas do Novo Marco Legal do Saneamento. Priorizar o tema hoje é ter um Brasil no futuro mais próspero e saudável”, completa.

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