“Eu sei o que é comer farinha com açúcar de manhã”, diz moradora da Maré, no Rio
Pesquisa aponta que 8% dos lares cariocas sofrem de insegurança alimentar grave; número equivale a 2 milhões de pessoas
Fábio Peixoto
“Eu sei o que é comer farinha com açúcar de manhã”, afirma Elaine Cristina, moradora do Complexo da Maré, no Rio de Janeiro. Mãe de cinco filhos e sem conseguir emprego há 20 anos, Elaine é uma das moradoras cariocas que sofre com insegurança alimentar grave.
Um estudo da Câmara Municipal do Rio de Janeiro com o Instituto de Nutrição Josué de Castro (UFRJ) mostrou que 8% dos lares da capital fluminense sofrem com insegurança alimentar grave. Ou seja, são 500 mil pessoas que não têm o que comer ou comem apenas uma vez por dia.
Ao todo, 2 milhões de pessoas do Rio estão sob algum nível de insegurança alimentar, seja leve, moderada ou grave. Entre essas pessoas, alguns grupos aparecem mais, ressaltando uma desigualdade social.
Mulheres negras possuem maior vulnerabilidade
Mulheres negras e chefes de família são 9,5% desse grupo. De acordo com Roseane Salles Costa, professora e pesquisadora do Instituto de Nutrição da UFRJ, que participou da pesquisa, “quando a mulher é a chefe de família, ou a pessoa de referência é preta ou parda e tem baixa escolaridade, é a maior vulnerabilidade em insegurança alimentar grave”.
Entre as organizações que agem para a melhoria desse índice está a Rede da Maré, que atende cerca de 700 famílias, além de arrecadar cestas básicas. Restaurantes populares também auxiliam as pessoas que estão neste índice.
Hoje, Elaine ela recebe o auxílio de organizações que entregam marmitas para famílias nessa situação e conta que diz aos filhos que “a gente tem que agradecer até pelo arroz e feijão que tem em casa”.