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Vizinha de casa que explodiu no Tatuapé (SP) está internada e relata: “Eu renasci”; moradores mostram destruição

Explosão deixou um morto e 10 feridos; vítima fatal é apontada como responsável por armazenar fogos de artifício de forma clandestina

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A explosão de um imóvel que armazenava fogos de artifício de forma clandestina, no Tatuapé, zona leste de São Paulo, transformou a noite de quinta-feira (13) em um cenário de pânico para moradores. O impacto matou um homem, apontado como o responsável pelos materiais, feriu ao menos 10 pessoas e obrigou dezenas de moradores a deixarem suas residências às pressas.

+ VÍDEO: veja momento exato em que imóvel explodiu no Tatuapé (SP)

Entre os feridos está Elaine Cristina Mariano, levada ao Hospital Nipo-Brasileiro. Vizinha da casa que explodiu e sem qualquer relação com os investigados, ela preparava o jantar para o filho de 7 anos quando foi surpreendida pela explosão e arremessada com a força do impacto.

Com escoriações e fora de perigo, ela definiu em poucas palavras o episódio: "eu renasci no dia 13 de novembro", disse no hospital, em entrevista ao SBT. A moradora ainda relatou que os vizinhos recém-chegados (moradores da casa que explodiu) estavam no local havia cerca de dois meses, mas praticamente não eram vistos.

Casas do quarteirão foram destruídas pela explosão. Ao todo, 21 imóveis foram interditados preventivamente pela Defesa Civil, que identificou risco iminente de desabamento na área. Moradores foram orientados a buscar abrigo com familiares e conhecidos até que o local seja considerado seguro.

+ Explosão no Tatuapé leva à interdição de 21 casas e reforça suspeita de armazenamento ilegal

“Já teve casa saqueada aqui”

A explosão também afetou quem não estava diretamente na linha de impacto. Dona Irene, que é sogra de Elaine, disse que precisaria ficar na frente da casa do filho e da nora para evitar saques à residência vazia.

Ela contou que casas atingidas já foram invadidas por criminosos. "Já teve casa saqueada aqui. Então temos que ficar até tirar todos os pertences", disse.

A Polícia Militar identificou o homem morto como Adir de Oliveira Mariano, de 46 anos. Ele vivia na residência com a esposa e é apontado como o principal investigado pelo incidente.

"Ninguém sabia que funcionava casa clandestina aqui. Se soubéssemos tínhamos denunciado. Nunca ninguém viu a fisionomia dele", disse Irene.

O sentimento, segundo ela, é de revolta: "Não só ele foi prejudicado, mas o quarteirão inteiro, porque as casas foram destruídas e tem gente que não tem nem pra onde ir".

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Reprodução/SBT
Reprodução/SBT

“O barulho foi tão grande que pensamos que tinha caído um avião”

De outra casa na mesma rua, Márcia Machado viu parte de sua própria estrutura ruir. O forro de gesso do teto caiu, estilhaços se espalharam e ela só conseguiu dimensionar o ocorrido quando correu para fora.

"Eu estava na beira da pia, a explosão veio e veio estilhaço na gente. Na hora não entendi nada, só entendi quando saí de casa", conta.

Ela afirma que, apesar dos danos, a família está bem: "Foi só coisas materiais. Foi uma inconsequência de uma pessoa, a gente não sabe ao certo o que tá acontecendo."

Reprodução/SBT
Reprodução/SBT

O neto dela, que estava no sofá no momento da explosão, sofreu cortes na mão, causados por estilhaços. "O barulho foi tão grande que pensamos que tinha caído um avião", lembra.

Em outro vídeo registrado por moradores, uma mulher mostra o interior do imóvel completamente destruído. "Minha casa acabou", lamenta ela, dizendo que sequer conseguia encontrar os próprios gatos após o caos.

Investigação

A vítima fatal, Adir de Oliveira Mariano, tinha cinco passagens por transporte irregular de inflamáveis e armazenamento ilícito de fogos. Ele estava dentro da casa e foi lançado para fora com a força da explosão, morrendo no local.

A residência onde o material era guardado foi alugada por Alessandro de Oliveira Mariano, irmão de Adir, que prestou depoimento e afirmou que o familiar morava ali havia dois meses.

Segundo os agentes, nenhum documento foi apresentado para comprovar a autorização para funcionamento de qualquer tipo de estabelecimento no endereço relacionado a fogos de artifício. Como o imóvel foi completamente destruído, a perícia trabalha para determinar se o local funcionava como ponto de venda ou apenas como armazém.

"Policiais civis estiveram no local e apuraram informações preliminares com o Coronel Valdir do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar de que no local há vestígios de explosivos diversos que estariam em tese sendo preparados para uma cangalha de balão", disse a polícia.

Enquanto investigação e vistorias continuam, os moradores tentam juntar o que sobrou. Alguns passaram a madrugada protegendo casas destruídas, carregando móveis e recolhendo pertences.

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