Enchentes no Rio Grande do Sul devem provocar perda de quase metade da safra de uva
Produtores calculam prejuízo de mais de R$ 250 mil nas agrícolas
Angélica Varaschini
As chuvas devem provocar uma perda de 40% na safra da uva, este ano, no Rio Grande do Sul. A previsão é da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater). As enchentes afetaram diretamente as vinícolas do estado, responsáveis por grande parte do vinho vendido no país.
O Rio Grande do Sul tem 20 mil famílias que vivem da produção da uva. São mais de 750 vinícolas. A economia gaúcha depende, em grande parte, dessa atividade. Os alagamentos atingiram 500 hectares de parreiras, o que corresponde a 40% da safra. Mas os números podem ser piores, segundo Janete Basso Costa, técnica da Emater.
"No momento em que a chuva leva um parreiral, a reconstrução é cara, né? É um investimento alto e o retorno não vem antes de 3 anos", diz ela.
Produtores calculam prejuízo de mais de R$ 250 mil
Produtores da região já sofrem com os impactos da chuva nas safras. José Luiz Branquini mora em Gramado (RS) e possui uma vinha. Ele conta que prejuízo devido às enchentes já passa de R$ 250 mil. A plantação tem dois hectares, o equivalente a dois campos de futebol. A chuva foi tão forte que o morro veio abaixo, destruindo toda a produção de uva.
"Deu um deslizamento de terra muito grande e a gente não sabia da dimensão ainda porque isso foi às 2h, 2h30", diz José.
Ele também disse que a colheita rendia 100 kg de uva por semana, para produzir o vinho, armazenado no porão da casa. O plano era expandir os negócios e iniciar a produção de suco de uva. A ideia de Branquini era trabalhar com vinhos e sucos.
Em Nova Petrópolis, na Serra Gaúcha, Adriano Sander planta uvas e frutas vermelhas, para a produção de geleias e sucos. Sua plantações também foram prejudicadas. Ele conta que toda a safra foi perdida.
Sander vendia 12 mil garrafas por ano aos visitantes da fazenda. "Viemos, praticamente, um ano de muita chuva. Desde julho do ano passado, nossa produção de frutas está sendo prejudicada. Mas nós estamos montando estufas, trabalhando, fazendo as podas e nos preparando, pra daqui um pouco, agosto ou setembro, a coisa deve começar a retomar, voltar o que era antes, eu acredito, perto do final do ano", prevê o agricultor.
Outras culturas também foram afetadas. Edson Cavichion afirmou que agora só restaram as mudas nas estufas de morango.
"Aqui, na serra, o inverno é bem rigoroso. Daí, ele diminui a produção também, fica impactado. Mas, esperamos, pelo menos, recuperar os pés, né?", conta o agricultor.