Cidades do Vale do Taquari seguem arrasadas pelas inundações no RS
Moradores contabilizam o caos causado pelas enchentes; Exército vai refazer travessias levadas pelas cheias
O Exército vai refazer as passarelas flutuantes para pedestres que foram instaladas em rios do Vale do Taquari, no Rio Grande do Sul. Neste sábado (25), foi iniciada a preparação da margem do Rio Forqueta para o acesso de pedestres e embarcações. Os militares iniciaram a travessia dos moradores em botes, restabelecendo o fluxo no local.
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As pontes originais foram destruídas pelas correntezas provocadas pelas primeiras chuvas e o Exército improvisou as passadeiras, que cederam com as fortes chuvas da última quinta-feira (23).
Roca Sales
A reconstrução da ponte de acesso à propriedade rural do Josimar Rohsig, no município de Roça Sales, vai custar R$40 mil. "Começou a lavar.. lavar... até que foi tudo embora".
Sem a passagem, o caminhão com ração para os animais não chega. Perto dali, a propriedade que já teve 160 aves está vazia. O Vale do Taquari é responsável por 20% da produção de frangos no Rio Grande do Sul. O setor estima perdas que podem passar dos R$180 milhões.
No dia que a água subiu, um aviário da cidade estava pronto para receber 28 mil frangos. Eles iriam permanecer no local durante 30 dias até irem para o abate. O local é automatizado com climatização, controle da luminosidade e a alimentação acontece por tubulações. O prejuízo para reconstruir está estimado em R$600 mil.
"O arroio levou tudo embora. A estrada, a ponte, o aviário entrou água e passou uns 70 ou 80 centímetros. Levou tudo embora", conta o produtor rural Fabricio Driemeyer.
O caminhão carregado com porcos ficou pelo caminho. A lama fica impregnada nos pneus e desliza pela estrada. Os prejuízos com as lavouras, a perda de qualidade do solo e com o maquinário do campo ainda não foram calculados.
Os problemas na zona rural se amplificaram na cidade. As placas de trânsito foram improvisadas. Onde um dia funcionou uma loja, hoje, um grupo de voluntários ofereceu mil pães com linguiça aos moradores.
"Um pouco de alento, um pouco de conforto, um pouco de esperança para todo esse pessoal que ta passando toda essa dificuldade", disse o voluntário Rafael Beldin.
Arroio do Meio
Em Arroio do Meio, o final de semana de tempo seco e frio é de muito trabalho na limpeza das ruas e das casas. Um batalhão de voluntários que vieram de diferentes partes do Brasil ajuda nessa missão para recolher os entulhos trazidos pelas águas. "Aqui a situação tá complicada a gente não esperava que fosse toda essa tragédia", diz o voluntário Marco Crestani
A bandeira no Rio Grande do Sul do lado de fora do restaurante do senhor Darcísio Schneider virou um símbolo do recomeço da cidade. "É muito dolorido. É muito triste a situação. Eu não tenho mais um vizinho. Está tudo destruído. O bairro inteiro foi embora e nos vamos ficar. O prédio tem 117 anos e o restaurante tem 70 anos. Nós não podemos abandonar uma história", conta chorando.