Desapropriações e alteração de terminal: veja o plano de Tarcísio para mudar a sede do governo de SP
Proposta prevê a transferência do gabinete de governo para a região dos Campos Elíseos, região central de São Paulo
O governo de São Paulo quer seguir o modelo da Esplanada dos Ministérios, em Brasília, e reunir, em uma só região da capital paulista, as diversas secretarias e órgãos, incluindo o gabinete do governador. O plano é transferir a sede administrativa do Morumbi para a região central da capital de São Paulo.
A nova sede será na região de Campos Elíseos, que foi sede do executivo paulista até 1965. No entorno da Praça Princesa Isabel, será aberta uma Esplanada, que contará com 12 prédios de até 30 andares para receber o gabinete do governador e as 28 secretarias da gestão estadual. Além disso, o plano prevê a realocação do Terminal Princesa Isabel e a desapropriação de 230 imóveis residenciais do entorno.
“Nós podemos vender cerca de um bilhão e setecentos mil reais em imóveis que vão ficar ociosos para poder trazer todo mundo para os 12 prédios”, explica o Secretário de Projetos Estratégicos, Guilherme Afif Domingos. Segundo ele, a transferência da sede do governo vai causar uma transformação econômica e social na região, hoje dominada pela insegurança provocada pela concentração de traficantes e dependentes químicos no centro da capital, especialmente na região popularmente conhecida como Cracolândia.
“O projeto terá sucesso à medida que ele induza à habitação no seu entorno. Temos que ter vida 24 horas por dia. Todos os prédios terão fachada ativa, ou seja, no térreo, tão comércios, serviços, restaurantes, teatro, cinema, como uma cidade”, complementa.
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Um concurso de arquitetura foi lançado para a escolha do projeto do novo centro administrativo. A construção e o gerenciamento serão por meio de uma parceria público privada.
O projeto está orçado em quase quatro bilhões de reais. Para abrir espaço para o futuro centro administrativo, 230 imóveis, em quatro quadras, deverão ser desapropriados. A Praça da Princesa Isabel, que pertence à Prefeitura, já está em processo de transferência para o Estado. No entanto, o que preocupa a população é a retirada do Terminal Princesa Isabel, que recebe 17 linhas e atende milhares de passageiros.
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“Vai ficar inviável para as pessoas que estão acostumadas a pegar o transporte aqui se dirigir para outro local. Acho que tem que ser pensado”, disse o cozinheiro Keith Kaunda, que todos os dias pega transporte público no terminal.
O arquiteto e urbanista Kazuo Nakano também critica a falta de discussão do projeto. “Eu fico achando que a finalidade desse projeto é criar um fato político eleitoral, chamar a atenção. Um projeto como esse tem que partir desses estudos que vai definir qual é o programa de atividades, de funções não só do local, mas da relação do local com outras partes do centro e outras partes da metrópole”, disse.