Trump atinge dezenas de países com tarifas elevadas; Canadá será sobretaxado em 35%
Presidente dos EUA impõe tarifas de 10% a 41% sobre diversos países e muda início do tarifaço para 7 de agosto, incluindo o Brasil

SBT News
com informações da Reuters
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, recalibrou dezenas de tarifas a parceiros comerciais antes do prazo final para acordos comerciais, que vence nesta sexta-feira (1º), incluindo 35% sobre produtos do Canadá, 25% para a Índia, 20% para Taiwan e 39% para a Suíça.
Trump divulgou na noite desta quinta (31) um decreto listando taxas de importação mais altas, de 10% a 41%, a partir de sete dias, para 69 parceiros comerciais. Alguns desse países haviam fechado acordos de redução de tarifas e outros não tiveram oportunidade de negociar com seu governo. É o caso do Brasil que terá produtos sobretaxados em mais 40% além dos 10% que já haviam sido informados, totalizando 50%. A data para que a tarifa comece a valer é 7 de agosto.
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O decreto informa que os produtos de todos os outros países não listados em um anexo estariam sujeitos a uma tarifa de 10% dos EUA.
"Apesar de terem se engajado em negociações, ofereceram termos que, a meu ver, não abordam suficientemente os desequilíbrios em nossa relação comercial ou não se alinharam suficientemente com os Estados Unidos em questões econômicas e de segurança nacional", informou Trump na ordem executiva sobre alguns parceiros comerciais.
O republicano emitiu outra ordem em separado, focada no Canadá, aumentando a tarifa para fentanil (35% em vez dos 25% anteriores), e afirmando que o país vizinho "não cooperou" na redução dos fluxos do produto para os EUA.
As tarifas mais altas sobre os produtos canadenses contrastam fortemente com a decisão de Trump de conceder ao México um adiamento de 90 dias das tarifas mais altas de 30% sobre diversos produtos, dando mais tempo para negociar um pacto comercial mais amplo. A notícia rendeu memes nas redes sociais com a palavra TACO - Trump Always Chickens Out ("Trump sempre amarela", em tradução livre).
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Uma autoridade dos EUA disse a repórteres que mais acordos comerciais ainda estavam para ser anunciados, uma vez que as tarifas "recíprocas" mais altas de Trump estavam prestes a entrar em vigor.
"Temos alguns acordos", disse a autoridade. "E eu não quero me antecipar ao presidente dos Estados Unidos para anunciar esses acordos."
A prorrogação para o México evita uma tarifa de 30% sobre a maioria dos produtos não automotivos e não metálicos, em conformidade com o Acordo de Comércio EUA-México-Canadá (USMCA), e veio após uma ligação na manhã desta quinta (31) entre Trump e a presidente mexicana, Claudia Sheinbaum.
"Evitamos o aumento de tarifas anunciado para amanhã", escreveu Sheinbaum em uma publicação na mídia social X, acrescentando que a ligação de Trump foi "muito boa".
Aproximadamente 85% das importações dos EUA provenientes do México estão em conformidade com as regras de origem descritas no USMCA, protegendo-as das tarifas de 25% relacionadas ao fentanil, de acordo com o Ministério da Economia do México.
Trump disse que os EUA continuariam a cobrar uma tarifa de 50% sobre o aço, o alumínio e o cobre mexicanos e uma tarifa de 25% sobre os automóveis do país, e sobre os produtos não compatíveis com o USMCA, relacionadas à crise do fentanil nos EUA.
"Além disso, o México concordou em encerrar imediatamente suas barreiras comerciais não tarifárias, que eram muitas", disse Trump em um post no Truth Social, sem fornecer detalhes.
Acordo com a Coreia e discórdia com a Índia
A Coreia do Sul concordou, na quarta-feira (30), em aceitar uma tarifa de 15% sobre suas exportações para os EUA, incluindo automóveis - abaixo da ameaça de 25% - como parte de um acordo que inclui a promessa de investir US$350 bilhões em projetos norte-americanos a serem escolhidos por Trump.
No entanto, as negociações com a Índia, que pareciam estar sendo direcionadas para uma tarifa de 25%, fracassaram. O presidente norte-americano ameaça uma taxa mais alta, além de incluir uma penalidade não especificada para as compras de petróleo russo.
Dados do Departamento de Comércio dos Estados Unidos, divulgados nesta quinta (31) mostraram que os preços de móveis e equipamentos domésticos duráveis aumentaram 1,3% em junho, o maior ganho desde março de 2022, depois de um aumento de 0,6% em maio.
Os preços de bens recreativos e veículos subiram 0,9%, a maior alta desde fevereiro de 2024, depois de permanecerem inalterados em maio. Os preços de vestuário e calçados aumentaram 0,4%.