Deputados e especialistas alertam para riscos da exposição infantil na internet e pedem mais controle
Casos de abusos, desafios perigosos e hipersexualização infantil mobilizam ações em todo o país para conter crimes digitais

SBT Brasil
Um adolescente foi desafiado a aplicar álcool em gel no próprio olho. Tudo foi filmado e divulgado na internet. Os vídeos que na TV passariam pela responsabilidade editorial, nas redes sociais, foram publicados na íntegra, desrespeitando a legislação brasileira.
Essas postagens são flagrantes de extorsão, difamação, apologia ao crime e até a sexualização de menores. Situações mais comuns do que se imagina, tanto em conteúdos protagonizados por crianças quanto em materiais produzidos para atrair esse público, como desenhos animados.
+ Youtube, Insta, TikTok, Enjoei e Mercado Livre são notificados para removerem conteúdo sobre vapes
A deputada estadual Delegada Sheila ( PL-MG) fez do combate a abusos na internet uma de suas principais bandeiras.
"A gente vê muitas vezes meninas adultizadas, com roupas de mulheres adultas, maquiagens muito fortes, dançando ao som de músicas com letras totalmente inadequadas, que trazem a desvalorização da mulher. Essa hipersexualização de meninas, principalmente, tem sido algo muito preocupante", declarou.
O tema mobiliza discussões em todo o país. Na Assembleia Legislativa de São Paulo, foi criada a Frente Parlamentar de Combate à Violência Digital contra Crianças e Adolescentes. Um dos objetivos é mostrar a necessidade de legislações mais rígidas.
"Essas plataformas, algumas big techs específicas, mesmo tendo vídeos de automutilações, suicídios, não entendem isso como um crime cometido pelas pessoas. Então, nós precisamos também responsabilizar essas plataformas que estão sendo uma ferramenta a mais para esses criminosos atuarem", afirmou o deputado Rafa Zimbaldi ( Cidadania-SP) que coordena o grupo.
Ele defende que maior controle poderia ter evitado a morte de Sarah Raíssa, de 8 anos, encontrada desacordada ao lado de um celular e um desodorante aerosol no Distrito Federal. A polícia suspeita que a menina participou de um desafio online, conhecido como "desafio do desodorante", no qual a vítima inala o máximo possível do produto.
Embora pareça absurdo, crianças são alvos de criminosos que sabem explorar a inocência. "O adolescente quer pertencer a um grupo, ele está ali pertencendo àquele grupo. Eles são convocados a sair da tela e ter uma experiência, se provar para esse grupo, que eles são bons", explicou a psicóloga Maura Albanesia .
Para tentar conter esse cenário, o uso de celulares está proibido em escolas de todo o país. Mas como manter essa proteção fora do ambiente escolar? Essa questão levou à criação do movimento Desconecta, baseado na ideia de que, se é difícil controlar o que os filhos acessam na internet, então o melhor é não fornecer o meio de acesso.
+Dia do Trabalhador é feriado nacional? veja quem tem direito à folga
A proposta do Desconecta é que as famílias só entreguem o primeiro celular ao adolescente a partir dos 14 anos e permitam o acesso às redes sociais somente após os 16. Até lá, a diversão e interação com o mundo devem ocorrer com atividades adequadas a cada fase da vida.
Diferentemente da situação da internet, a TV aberta, presente na casa de cada brasileiro, é uma concessão pública que tem o compromisso de exibir conteúdo de qualidade. Envolve inúmeros profissionais aptos a selecionar o que educa, diverte e estimula a curiosidade. tudo adequado à idade de quem assiste.
"É muito diferente da nossa época, em que a gente sentava para assistir a um desenho animado com horário para começar e terminar. O celular está disponível o tempo todo no bolso das crianças e adolescentes. É um conteúdo que nunca termina, sem regulamentação nenhuma", alertou a especialista.
As famílias sempre precisarão estar atentas para além das telas onde a criança se concentra. Afinal, oferecer segurança é parte do cuidado de quem ama.